Placar - Edição 1469 (2020-11)

(Antfer) #1

20 NOV | 2020


EspEcial


tamente julga mal. E o tempo dirá que tenho razão.”
Caso a condenação de Robinho seja ratificada, ele não
será extraditado. Confirmada a decisão da primeira
instância, a defesa poderá recorrer ao Tribunal de Cas-
sação, semelhante ao Superior Tribunal de Justiça do
Brasil. Depois de transitado em julgado, o processo
vem para o Brasil e, para que não haja impunidade, o
jogador poderá cumprir a sua pena aqui. “Nesse caso,
aplica-se o artigo 101 da Lei do Estrangeiro. A pena é
da Itália, mas ele cumpre segundo as leis brasileiras,
isso se a lei for mais benéfica para ele”, diz o jurista
gaúcho e professor de pós-graduação de direito Lenio
Streck. Condenado a nove anos de prisão, Robinho po-
deria cumprir dois quintos da pena, ou três anos e
meio. Em seguida, tendo bom comportamento, poderia
seguir em regime semiaberto, com direito a trabalhar
e fazer cursos fora da prisão. Depois de um ano e meio

de trabalho no regime semiaberto, poderia cumprir o
resto da pena em prisão domiciliar.
O caminho de Robinho é difícil e é grande a probabili-
dade de ele ter de pagar pelo erro — notícia evidentemente
ruim para ele, para seus familiares, mas uma conquista
para a sociedade. Beatriz Antunes, de 26 anos, psicóloga
que oferece apoio profissional ao coletivo Fogo no Assé dio,
formado por torcedoras do Botafogo do Rio, espera que a
onda não seja passageira. “Casos de assédio e violência se-
xual no futebol acontecem o tempo todo e mostram quan-
to a figura da mulher é totalmente desmerecida no meio.
A gente sabe que a perda de dinheiro fala mais alto no fu-
tebol, e foi o nosso grito que alertou os patrocinadores.
Uma pequena vitória em meio a tantas batalhas contra o
machismo.” As mudanças de humor são recentes. Em 2017,
depois que o caso de estupro já havia estourado, ainda sem
julgamento, Robinho jogou pelo Atlético Mineiro — houve

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