Placar - Edição 1469 (2020-11)

(Antfer) #1

NOV | 2020 21


pela modelo Najila Trindade, em um hotel em Paris. Por
falta de provas, o caso foi arquivado sem o indiciamento
do jogador, e a modelo ainda foi denunciada por fraude
processual, extorsão e denúncia caluniosa. Em 2009, o cra-
que português Cristiano Ronaldo negou ter violentado a
modelo americana Kathryn Mayorga, mas desembolsou
375 000 dólares para encerrar o caso em segredo. A modelo
alegou que o craque português a obrigou a fazer sexo em
um hotel em Las Vegas. Neymar e Ronaldo não passarão
pelas agruras que Robinho terá de passar, mas talvez te-
nham aprendido a lição. Lição que o pugilista Mike Tyson
foi aprender na cadeia. Em julho de 1991, ele foi acusado de
estuprar a modelo Desiree Washington. Menos de um ano
depois, foi condenado a seis anos de detenção. Cumpriu
metade da pena por bom comportamento e saiu da prisão
em março de 1995 — definitivamente marcado. Há saída
para Robinho, mínima, desde que ele queira, desde que as-
suma suas responsabilidades, agora levadas aos tribunais,
e não aja como um futebolista apenas atrelado ao dinheiro
e à arrogância. “Para reverter a imagem negativa de Robi-
nho, seria bom criar um plano de ação de marketing foca-
do no terceiro setor. Tem de partir dele, não pode ser algo
artificial. Ele poderia, por exemplo, se tornar patrono de
uma causa beneficente ou de sustentabilidade”, diz Fábio
Wolff, sócio-diretor da Agência Wolff Sports. Mas o me-
lhor mesmo, naquela noite de 2013, seria ele ter se compor-
tado como homem. E que a reação contra Robinho dê um
basta a posturas inaceitáveis no futebol, e fora dele. ƒ

Colaborou Klaus Richmond

O processo de
Neymar ( à e s q .)
por agressões
sexuais, movido
pela modelo
Najila Trindade,
não avançou
— mas criou
evidentes
problemas
para a imagem
do craque. Mike
Tyson foi parar
na cadeia,
em 1991 e lá
ficou durante
quatro anos

fotos Renato

s. Ce

Rquei

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futu

Ra P

Ress, Claudia

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son/

aP/
Glow

ima

Ges

indignação, torcedoras levavam fai-
xas aos estádios, mas não passou dis-
so. O ambiente mudou — fora e den-
tro de campo. “Luto diariamente para
que as mulheres que jogam futebol
tenham ao menos a dignidade de
uma carteira assinada, um contrato e
até um uniforme melhor”, diz a advo-
gada especialista em direito desporti-
vo, Luciana Lopes, que representa
clubes do Brasil e do exterior, além de
vários jogadores e jogadoras.
Quem não entender a revolução
em andamento estará fora do jogo.
Neymar, a duras penas, percebeu que
poderia ter manchado sua carreira
depois de ter sido acusado de estupro

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