Placar - Edição 1469 (2020-11)

(Antfer) #1

Prorrogação


60 NOV | 2020


crônica


O Comentarista do Futuro
de PLACAR viaja na máquina
do tempo até 1958 e
testemunha o lance que
marcou o início de uma
dinastia de laterais-esquerdos
bons de bola do nosso futebol

aros leitores de 1958, vocês
não viram, apenas ouviram
no rádio, mas garanto a to-
dos que o jogo de ontem, em
que nosso escrete abateu a Áustria
por 3 a 0, estreia no certame mundial
da Suécia, merecerá seu lugar na his-
tória. E digo isso com a certeza de
quem vem de 2020, quando essa par-
tida será menos lembrada do que
deveria. Não advogo pelo fato de ser
a largada de uma campanha antoló-
gica da seleção canarinho, pois ela
terá início de fato, anotem, no tercei-
ro confronto, quando escalaremos
dois reservas, um de pernas tortas e
outro franzino e menor de idade. On-
tem o que se deu para a eternidade
foi o surgimento de uma sina que
acompanhará o futebol brasileiro
pelos próximos 62 anos: os laterais-
es querdos bons de bola e com pinta
de “camisa 10”. Sim, a partir desta
Copa, será a 10 a chamada “camisa
mais pesada” da seleção. Mas outra
bem poderia ser consagrada: a 6. E
ontem testemunhei o lance que é a
gênese de tudo. Se Deus criou o
mundo em sete dias, Nilton Santos
precisou de sete passadas largas para
nos presentear com este novo perfil
de jogador de futebol: o “falso-late-
ral”. Mas tem de ser canhoto!
Não há gravações que registrem
o fato, mas ele será muito relatado
no folclore de nosso futebol. Início
de segundo tempo, já vencíamos por

C


o Brasil e a místiCa da Camisa... 6!


ACe

RvO

PLACAR

Claudio Henrique

“Volta, Nilton! Volta,
Nilton”, gritou em vão
um desesperado
Feola em 1958

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