Clipping Banco Central (2020-12-06)

(Antfer) #1

Ditadura da Venezuela ameaça com a fome para se legitimar nas umas


Banco Central do Brasil

O Globo/Nacional - Opinião
domingo, 6 de dezembro de 2020
Cenário Político-Econômico - Colunistas

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Eleições legislativas são parte da farsa montada por
Maduro para dar sobrevida a seu regime A cleptocracia
venezuelana tenta outra vez se legitimar nas umas. As
eleições legislativas de hoje fazem parte da nova farsa
montada pelo ditador Nicolás Maduro para dar
sobrevida ao regime responsável por uma crise
humanitária sem precedentes no continente americano.
E paradoxal, mas parcela minoritária da oposição optou
pela cumplicidade.


A ditadura teme a abstenção. Os venezuelanos têm
mesmo uma preocupação mais elementar: sobreviver
em meio à pobreza. O colapso econômico é visível nos
preços, que subiram 1.798% entre janeiro e outubro. O
custo da cesta básica aumentou 43% em outubro.
Passou a consumir 80% do salário mínimo mensal,
equivalente a US$ 39 (R$ 195 reais). Um dos efeitos é o
êxodo. Já há 1,7 milhão de venezuelanos abrigados na
Colômbia e mais de 200 mil no Brasil.


Nesse ambiente de carência, em meio à pandemia, a
cleptocracia resolveu usar o acesso à comida, fornecida
pelo comércio estatal, para empurrrar cidadãos às
umas. Diosdado Cabello, condestável do regime, deixou


isso claro num comício na segunda-feira: "Quem não
vota, não come. Para aquele que não vota, não há
comida."

Maduro tem se esforçado para dissimular a manobra
política. Convidou aliados de outros países para avalizar
o embuste eleitoral - obviamente, com todas as
despesas pagas pelo povo venezuelano. Do Brasil,
escolheu quatro aliados fiéis do PT (Gleisi Hoffinann,
Paulo Pimenta, Carlos Zarattini e Enio Verri); dois do
PDT (Dagoberto Nogueira e Idilvan Alencar) ; um do
PSOL (Glauber Braga) e outro do PCdoB (Perpétua
Almeida). Aceitaram, mas desistiram pouco antes da
viagem.

Aliar-se à cleptocracia de Caracas é questão de caráter.
Implica desprezar o código moral sobre o qual se
sustentam os direitos humanos. A ONU tem divulgado
relatórios sobre prisões, torturas e assassinatos de
opositores. No mês passado, a procuradora do Tribunal
Penal Internacional, Fatou Bensouda, anunciou ter
"base razoável" para abrir investigação contra Maduro e
seus sócios por crimes contra a Humanidade. O regime
venezuelano está cada vez mais radioativo para os
amigos, como a esquerda brasileira.

Assuntos e Palavras-Chave: Cenário Político-
Econômico - Colunistas
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