Clipping Banco Central (2020-12-06)

(Antfer) #1

RENATA CAFARDO - O ministro surge... e recua


Banco Central do Brasil

O Estado de S. Paulo/Nacional - Metrópole
domingo, 6 de dezembro de 2020
Cenário Político-Econômico - Colunistas

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Fazia alguns meses que não se ouvia falar do ministro
da Educação. Depois de mais de um ano nos
surpreendendo (no mau sentido) quase diariamente
com Abraham Weintraub, o sumiço do novo parecia até
um bom sinal. Mas o pastor Milton Ribeiro percebeu que
as sombras não são o lugar ideal para quem quer
agradar ao chefe do Executivo.


Em Brasília, muitos já diziam que ele não passaria do
começo de 2021. E então, sem sequer comunicar o
secretário de ensino superior do Ministério da
Educação, editou uma portaria sobre, justamente,
ensino superior. Teve ajuda de seus assessores mais
próximos que, como ele, pouco entendem como
funciona a educação no Brasil. Nos primeiros dias no
MEC, Ribeiro perguntou o que era o Fundeb, fundo que
financia toda a educação básica no País e precisava de
definições urgentes na época.


Na quarta-feira passada, o Diário Oficial publicou uma
portaria que determinava que universidades federais e
particulares voltassem a dar aulas presenciais a partir
de 4 de janeiro. Confusão armada. Federais foram
pegas de surpresa e avisaram o desatento ministro que


elas têm autonomia em suas atividades acadêmicas.
Alertaram também que a pandemia está piorando. E
juristas apareceram para lembrá-lo da Constituição, das
leis e das regras sanitárias.

O texto da própria portaria era tão confuso que ele
mesmo dizia que, em cidades onde houver
impedimento, tudo poderia voltar ao online. O objetivo
maior parecia ser mesmo armar aquela balbúrdia típica
em tempos de bolsonarismo - não importa se é legal, o
que vale é estar alinhado com o que pensam o
presidente e seu grupo mais fiel.

Na live da semana retrasada, Ribeiro já tinha dado o
tom da sua nova fase. Sorridente ao lado de Jair
Bolsonaro, contou que esteve no Exército e exaltou a
volta do ensino presencial. Não alegou qualquer motivo
educacional ou preocupação com as crianças.
Questionado pelo presidente sobre quantos alunos
havia no ensino fundamental, nem ele nem seu
secretário Carlos Nadalin souberam responder. Fizeram
cara de paisagem, sorriram e deixaram o chefe chutar
um número qualquer.

Ribeiro lembra Ricardo Velez, o primeiro a ocupar o
MEC no governo Bolsonaro. O ministro colombiano
chamava ensino fundamental de primário e ginásio. E
ficou famoso logo no segundo mês de cargo ao enviar
uma carta a todas as escolas do País, como revelou o
Estadão, pedindo que os alunos cantassem o Hino
Nacional e fossem filmados dizendo o slogan de
campanha do presidente recém-eleito. A ideia, assim
como a da portaria de agora, pegou de surpresa seus
secretários e surgiu depois de uma conversa com
Bolsonaro, que "queria ver algo acontecer na
educação".

E, também como Velez na época, Ribeiro voltou atrás.
Ambos passam longe do perfil grosseiro de Weintraub.
Sem xingar ninguém, o ministro disse que se confundiu
e tudo seria corrigido. Avisou que revogaria a portaria
horas depois de ser publicada, ouviu representantes de
universidades. Mas até agora se espera o que, de fato,
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