Clipping Banco Central (2020-12-06)

(Antfer) #1

DIRETO DA FONTE SONIA RACY


Banco Central do Brasil

O Estado de S. Paulo/Nacional - Especial
domingo, 6 de dezembro de 2020
Cenário Político-Econômico - Colunistas

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EXTINÇÃO


AGULHA (GIGANTE) EM PALHEIRO


Uma árvore pau-brasil de idade aproximada de 600
anos e proporções inéditas foi encontrada no sul da
Bahia, no dia 22. A descoberta aconteceu a partir de
expedições feitas pelo botânico Ricardo Cardim e Alex
Vicintin - mateiro e empreendedor ambiental no
município de Itamarajú.


A região já tinha sido esquadrinhada algumas vezes por
Cardim, que desde 2016 pesquisa as árvores gigantes
que restaram em toda Mata Atlântica. O trabalho
resultou em livro e exposição intitulados
Remanescentes da Mata Atlântica. A mostra está em
cartaz no Museu da Casa Brasileira em São Paulo. O
fotógrafo Cássio Vasconcellos e o botânico Luciano
Zandoná também participaram do livro. Desde então,
desenvolveram um elo de confiança com os moradores
do assentamento Pau-Brasil.


No mês passado, a equipe estava lá e soube, por meio
de um guia, da existência de um remanescente da


espécie muito maior do que outros que já tinham
registrado. O guia também informou que somente um
homem da comunidade conhecia como e em qual
trecho da floresta a árvore se encontrava. "Explicamos
que aquilo era importantíssimo, algo novo para a ciência
e que gostaríamos de registrar o que considero
patrimônio nacional, bonificando o assentado", conta
Cardim. Trato feito, muitos dias perdidos e encontraram
o que buscavam.

Apesar de já ter registrado mais de 150 árvores
centenárias nos 12% que sobraram de área da Mata
Atlântica original, Cardim levou um susto com o pau-
brasil de 7,13 metros de diâmetro quase três vezes
maior do que os já tabulados. Além de ser cheia de
"rugas" que re- velam a sua idade estimada em 600
anos, ela mede praticamente 40 metros.

O tarimbado botânico acredita que se a árvore tivesse
sido encontrada num outro país, como a Alemanha, por
exemplo, certamente o governo faria um parque
exclusivo para preservá-la, chamando atenção para sua
história. "Ela tem um simbolismo enorme, nomeou o
nosso País. E sobreviveu a cinco séculos de ferro e
fogo da Mata Atlântica", pondera.

É relevante manter vivo e seguro o pau-brasil único. E
olhar profundamente para seu imenso potencial
genético e de reprodução. "O que temos no País são
exemplares que rebrotaram no século 20, dificilmente
alguém vai achar alguma árvore remanescente do
século 18, quando prevalecia o vale tudo e tudo era
simplesmente destruído. Esse é o último dos moicanos.
Por isso, o nosso quase desespero para fazer as
pessoas entenderem a importância dessa árvore. Se
derrubar, não haverá outra em seiscentos anos", alerta
Cardim. Animado pela descoberta, o grupo anuncia os
próximos projetos: "Estamos indo para a Amazônia", diz
Alex Vicentin, arrecadando fundos e organizando apoio
para montar o livro já batizado de As Árvores
Remanescentes da Amazônia. Eles prospectam
também parceiros para realizar documentário sobre os
dois biomas.
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