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Banco Central do Brasil

O Estado de S. Paulo/Nacional - Espaço Aberto
domingo, 6 de dezembro de 2020
Cenário Político-Econômico - Colunistas

Isso tudo não passará de uma utopia delirante, sem
fórmulas para materializá-la em milhares de escolas.
Sendo assim, aqui soletro as estratégias de
implementação.


Precisamos da tecnologia para suprir, a distância, o que
não existe perto. As correrías para aprender a usá-la na
vigência da covid-19 desbastaram o caminho para os
grandes saltos que se tomam possíveis.


Quando participava da formulação do Telecurso 2000,
uma das melhores professoras (de Química)
supervisionou a montagem de um protótipo de aula. A
sua preparação era sofisticada e atores profissionais
atuavam em cena. Ao ver a projeção, ficou claríssimo
que ela própria não seria capaz de dar uma aula tão
boa. E o vídeo podia chegar a milhões de alunos.


Com atores ou com aqueles professores que são
geniais em sala de aula, por que gastar o tempo dos
mestres forçando-os a repetir a mesma aula, dia após
dia? Melhor que se dediquem a interagir e dar mais
protagonismo aos alunos - a essência do chamado
ensino ativo. Para isso devem também ser abastecidos
com sugestões minuciosas de como proceder. É hora
de propor projetos inteligentes e que explorem as
conexões da teoria com a prática.


O aluno estuda para a prova, isso sabemos. Mas
formular as questões é difícil até para profissionais de
avaliação. Se a tarefa permanecer com os professores
de sala de aula, é certo que continuarão sendo provas
em que se exige apenas a memória. Portanto, vai
decorar. Como não é isso que queremos, deve ser
criado um banco nacional de questões, bem calibradas
para o que os alunos devem aprender. Em muitos
casos, a inteligência artificial vai ajustando o tipo e a
dificuldade das questões de acordo com o perfil de cada
aluno.


A educação precisa incorporar avanços que ocorreram
já na Revolução Industrial: a divisão de trabalho e a
especialização de funções. Um sabe mais teoria, outro
sabe ensinar, ainda outro se especializa na preparação


de materiais de ensino, e assim por diante. Na sala de
aula não precisamos de um gênio polivalente, mas de
alguém para liderar o processo, motivar, ajudar e
atender os que tropeçam. Na sua retaguarda terá um
exército de especialistas, chegando a ele pela via dos
abundantes avanços das tecnologias digitais.

Pelo menos na teoria, a viabilidade dessa escola dos
meus sonhos é assegurada por uma
complementaridade bem articulada do que acontece na
aula com o que é preparado em agências centrais.
Estas respaldam a escola com uma imensidão de
recursos, cada um chegando no momento oportuno. E a
tecnologia permite essa fluidez.

Materializar um plano tão ambicioso está no reino das
utopias. Julgo que tecnicamente é viável e faz todo o
sentido. Porém as barreiras institucionais e políticas são
formidáveis.

M.A., PH.D., É PESQUISADOR EM EDUCAÇÃO

É viável e faz sentido, mas as barreiras institucionais e
políticas são formidáveis

Assuntos e Palavras-Chave: Cenário Político-
Econômico - Colunistas
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