Clipping Banco Central (2020-12-06)

(Antfer) #1

Cerco ao carro a gasolina cresce no mundo e pressiona as petroleiras


Banco Central do Brasil

O Estado de S. Paulo/Nacional - Economia
domingo, 6 de dezembro de 2020
Banco Central - Perfil 1 - B3

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Autor: Cleide Silva


A Inglaterra anunciou, no mês passado, a antecipação,
para 2030, da proibição de venda de novos carros
movidos a gasolina ou diesel. O Japão também deve
anunciar em breve uma proibição parecida, que entraria
em vigor em meados de 2030. A China prevê colocar
em vigor essa regra em 2035. Nos Estados Unidos, o
Estado da Califórnia informou em setembro que,
também a partir de 2035, veículos novos movidos a
gasolina ou diesel estarão fora do mercado. Com o
avanço das discussões ambientais em todo o mundo, as
limitações a esses carros deve aumentar cada vez mais.
E isso tem colocado grande pressão sobre a indústria
do petróleo.


"O cerco está se fechando para que os países reduzam
o uso de combustível fóssil", diz Jaime Andrade, sócio
da PwC Brasil. Hoje, a gasolina e o diesel movem cerca
de 90% dos novos carros vendidos no mundo. E esses
produtos são uma parte muito importante dos ganhos
das petroleiras. No caso da Petrobrás, por exemplo,
50% da produção atual é de gasolina e diesel para o
transporte rodoviário (ver pág. B3).


Em outubro, um acontecimento do mercado financeiro
acabou se transformando num marco desse novo
mundo mais preocupado com questões ambientais. A
NextEra, uma das maiores geradoras globais de energia
solar e eólica, ultrapassou, em valor de mercado, a
ExxonMobil, que já foi a maior empresa privada do
mundo (depois, a Exxon voltou a ficar à frente). Em
2007, a petroleira valia US$ 500 bilhões. Nesta sexta-
feira, valia US$ 176 bilhões.

No mercado automotivo, essa diferença fica ainda mais
evidente. A fabricante de carros elétricos Tesla valia, na
sexta- feira, US$ 567 bilhões. Isso é mais do que o
valor, somado, de Toyota, Volkswagen, GM, Ford e Fiat
Chrysler - empresas em que o carro movido a
combustível fóssil ainda é majoritário.

Por tudo isso, o presidente da Associação Nacional dos
Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Luiz
Carlos Moraes, defende que o governo brasileiro deve
monetizar de forma rápida os ativos que estão debaixo
do mar - o petróleo do pré-sal, "do contrário vai virar
mico". Ele lembra que todas as matrizes das
montadoras instaladas no Brasil estão ampliando a
produção de automóveis eletrificados e as subsidiárias
locais estão atentas a isso. "Sabemos, no entanto, que
nossa velocidade (de troca dos carros a gasolina e
diesel por elétricos) não será igual à da Europa, por
exemplo."

Futuro. Para analistas, as novas gerações de carros
serão movidas a eletricidade ou uma mistura de
combustível líquido e energia elétrica. A soma de
modelos elétricos e híbridos passarão dos atuais 10%
para 51% das vendas globais em uma década, segundo
estudo do Boston Consulting Group (BCG) feito neste
ano, antes da pandemia da covid-19, responsável pela
crise que deve acelerar projetos de carbono zero.

O líder do BCG para a indústria de mobilidade, Regis
Nieto, diz que o estudo foi feito com base nas premissas
atuais, com vários países adotando normas que
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