Clipping Banco Central (2020-12-06)

(Antfer) #1

Servidor negro é minoria e ganha menos no governo federal


Banco Central do Brasil

Folha de S. Paulo/Nacional - Mercado
domingo, 6 de dezembro de 2020
Banco Central - Perfil 2 - Direção e Assessoramento
Superior

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Autor: Bernardo Caram


Observada no setor privado, a sub-representação de
negros também marca a estrutura da administração
pública. Dados do governo mostram que, embora sejam
aproximadamente 55% da população, negros ocupam
35,6% dos postos no serviço público federal.


A disparidade fica ainda mais visível quando é feito o
recorte por hierarquia de cargos e nível de escolaridade.
Pretos e pardos ocupam apenas 15% das cadeiras nos
postos mais altos.


O governo federal não deixa disponível para consulta
pública estatísticas de pessoal com recorte por cor e
raça. O dado detalhado mais recente, referente a 2018,
foi compilado pela Enap (Escola Nacional de
Administração Pública), vinculada ao Ministério da
Economia.


No entanto, informações preliminares da pasta, que
ainda não foram disponibilizadas ao público, indicam
que o cenário pouco mudou de 2018 até agora.


Em outubro de 2020, entre os que fizeram a declaração,
a parcela de servidores negros na administração federal
ficou em 36,8%.

Mestre em desenvolvimento econômico e participante
do Programa das Pessoas de Ascendência Africana do
Alto Comissário das Nações Unidas para Direitos
Humanos, Clara Marinho Pereira, 36, faz parte dessa
minoria.

Servidora federal desde 2013, com passagem pela
Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade
Racial, ela foi aprovada em novo concurso, em 2017,
para assumir vaga de analista de Planejamento e
Orçamento do Ministério da Economia.

"Nos lugares onde trabalho, eu sou a única ou uma das
poucas pessoas negras. Isso é muito frequente. No meu
departamento, por exemplo, eu sou a única mulher
negra", afirmou. "É uma realidade gritante, a despeito
de nossos representantes máximos dizerem que não
existe racismo no Brasil."

Em seu último concurso, Pereira foi aprovada por meio
da política de cotas. Em 2014, entrou em vigor no país a
lei que reserva para negros 20% das vagas oferecidas
em conclusos públicos.

"As cotas são importantes, mas não suficientes. Elas
foram aprovadas em 2014, mas justamente naquele ano
começou a desaceleração econômica, e o ritmo de
contratações no serviço público diminuiu. É uma pena
que as ações afirmativas no serviço público não tenham
chegado antes", disse.

Segundo o levantamento da Enap, a disparidade salarial
entre brancos e negros no serviço público caiu
lentamente ao longo dos anos, mas ainda persiste.

Em 2018, dado mais recente, brancos e amarelos
ganharam em média 14% a mais do que negros e
indígenas.
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