Clipping Banco Central (2020-12-06)

(Antfer) #1
Banco Central do Brasil

Folha de S. Paulo/Nacional - Mercado
domingo, 6 de dezembro de 2020
Banco Central - Perfil 2 - Direção e Assessoramento
Superior

Os números consideram os servidores que declararam
sua raça ou cor. Do total de funcionários públicos,
11,9% não prestaram essa informação naquele ano.


Evoluir na formação escolar e acadêmica também gera
mais benefícios para brancos no serviço público.


Entre os servidores com pós-graduação, mestrado ou
doutorado, 42% dos brancos têm salário superior a R$
12 mil. Com a mesma formação, apenas 28% dos
negros têm remunerações superior a esse patamar.


Além da diferença salarial, quanto maior o nível de
formação dos servidores, menor o número de negros
que ocupam esses cargos.


Do total de funcionários públicos que estudaram até o
ensino fundamental, normalmente ocupando cargos de
nível mais baixo, 60,9% são negros, e 31,2%, brancos.
A partir do ensino médio a proporção se inverte, com
tendência de ampliação da desvantagem para negros.


Pretos e partos são 50,5% dos servidores com ensino
médio. Entre os que fizeram ensino superior, eles
representam 31% do total. No grupo dos pós-graduados
no serviço público, os negros são 29,7%.


Mesmo nos cargos comissionados de livre nomeação, o
padrão da sub-representação também aparece.


Nas cadeiras de DAS (direção e assessoramento
superior), que podem ser ocupadas por servidores ou
pessoas de fora da administração, 29,6% dos
funcionários são negros. Para os cargos DAS-6, o nível
mais alto, a participação cai para 15%.


N o recorte por órgão, o Ministério de Relações
Exteriores tem a menor proporção de negros em seus
quadros. Entre diplomatas, por exemplo, 5,9% se
declaram pretos ou pardos.


"A diversidade no serviço público é condição para o
melhor atendimento à sociedade. Não basta apenas
aumentar a presença dos negros na base da pirâmide
dos servidores. É preciso garantir que os mecanismos


do racismo estrutural não limitem a progressão dos
negros nas carreiras e a presença em cargos de
decisão", afirmou Joyce Trindade, analista de
diversidades do instituto República. org, que organiza a
campanha "Onde estão os negros no serviço público?".

Dados reunidos pelo instituto Repiiblica.org mostram
que esse retrato não é exclusivo da administração
federal. No município de São Paulo, os negros são 37%
da população, mas ocupam 28,6% dos postos na
prefeitura.

Em alguns órgãos, a presença de negros é ainda
menor. Eles são 7,8% dos servidores na Procuradoria-
Geral do município, por exemplo. Nas chefias de
gabinete da prefeitura, estão em 10% dos postos.

De acordo com o instituto, São Paulo é a única capital
do país a divulgar ativamente estatísticas de cor e raça
de seus servidores.

Sobre os dados federais, o Ministério da Economia
disse que está trabalhando para disponibilizar o recorte
por cor e raça no painel estatístico de pessoal, sistema
que apresenta um raio-X do serviço público federal. A
pasta não informou qual a previsão de data para o
lançamento.

Trindade afirmou que a realidade racial no serviço
público não é diferente da vista na iniciativa privada. No
entanto, ela disse acreditar que cabe ao Estado o papel
de dar exemplo para um sistema do qual também é
fiscalizador.

"Para cobrar o setor privado, o Estado e os poderes
públicos devem ser espelhos daquilo que desejam para
a sociedade", afirmou.

Não basta apenas aumentar a presença dos negros na
base da pirâmide dos servidores. É preciso garantir que
os mecanismos do racismo estrutural não limitem a
progressão dos negros nas carreiras e a presença em
cargos de decisão Joyce Trindade Analista de
diversidades do instituto República.org
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