Clipping Banco Central (2020-12-06)

(Antfer) #1

Juros internacionais negativos


Banco Central do Brasil

Folha de S. Paulo/Nacional - Mercado
domingo, 6 de dezembro de 2020
Banco Central - Perfil 1 - Banco Central

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Autor: Samuel Pessoa


Dado o desemprego, teremos juros reduzidos nos EUA
por alguns anos


Um dos fatores que têm permitido ao Tesouro brasileiro
rolar elevadas dívidas, como proporção da economia, é
a queda do custo internacional de capital A capacidade
do mercado de carregar em seus portfólios o risco dos
países emergentes aumentou muito.


A queda do juro internacional é fenômeno estrutural e
não monetário: depende de fatores reais, que afetam a
oferta e a demanda, e não do manejo da política
econômica a curto prazo.


A queda da taxa de crescimento populacional e o
progresso tecnológico, que reduziu a necessidade de
poupança para acumular capital -compare a Google
com a GM- , diminuíram a demanda por investimento. A
desaceleração populacional reduz a demanda por
moradias e infraestrutura em geral O envelhecimento
eleva a incerteza -a pessoa não sabe quanto tempo terá
devida inativa e em que volume de gastos com saúde


incorrerá na velhice- e, portanto, estimula o
retardamento da saída do mercado de trabalho e torna o
idoso muito parcimonioso. Fatores que elevam a
poupança.

Finalmente, a piora da desigualdade ajuda a reduzir o
custo de capital, pois os ricos tendem a poupar mais.

Recentemente, surgiu uma preocupação com a
possibilidade de que a forte elevação do endividamento
ocorrida em razão da epidemia reverta a tendência
observada há algumas décadas de redução da taxa de
juros real das economias do hemisfério Norte.

A preocupação é legítima. A rolagem de maior
endividamento pressiona o balanço entre o investimento
e a poupança. As estimativas que conheço indicam que,
na média, cada 10 pontos percentuais do PIB de
crescimento da dívida pública elevam a taxa de juros
reais de 0,35 ponto percentual. Ou seja, se todos os
demais fatores determinantes do custo de capital no
hemisfério Norte se mantiverem constantes, o juro de
equilíbrio deve se elevar em 0,7 ponto percentual.

Adicionalmente, há uma preocupação mais recente de
que a relação entre envelhecimento e poupança mude.
Até agora ela tem sido positiva, como vimos: o
envelhecimento acarreta aumento de poupança.

A partir de um ponto, no entanto, a relação se inverte: o
idoso fora do mercado de trabalho utiliza suas
poupanças para pagar contas. Há autores que projetam
que, nos próximos cinco ou dez anos, essa segunda
dinâmica irá se inverter.

De qualquer forma, independentemente dos
movimentos estruturais que vierem a ocorrer, tudo
sugere que nos próximos anos o custo de capital
continuará baixo no hemisfério Norte.

O motivo é que sairemos desta crise de saúde pública
com desemprego muito elevado e levará alguns anos
até que a ociosidade na economia seja eliminada.
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