Clipping Banco Central (2020-12-06)

(Antfer) #1

MÔNICA BERGAMO


Banco Central do Brasil

Folha de S. Paulo/Nacional - Ilustrada
domingo, 6 de dezembro de 2020
Cenário Político-Econômico - Colunistas

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Autor: MÔNICA BERGAMO ,


J. P. Cuenca Não estou clamando pelo enforcamento
dos Bolsonaro


Escritor que aprendeu a comprar brigas com Maradona
diz viver 'censura gasosa' e 'assédio judicial' no qual é
alvo de centenas de processos movidos por pastores
evangélicos


O escritor João Paulo Cuenca diz que o fato de ter
passado "a infância inteira defendendo o Maradona" fez
dele alguém mais preparado para travar brigas na vida
adulta.


"As maluquices, o futebol e a identidade do Maradona
foram importantes na construção da minha
personalidade", afirma ele, que assina como J.P.
Cuenca, tem 42 anos, é flamenguista e ficou
"consternadíssimo" com a morte do ídolo.


"Eu torcia para a Argentina. Era dureza crescer assim
no Brasil nos anos 1980 e com o Galvão [Bueno]
falando aquelas coisas [de rivalidade entre os dois


países]", brinca o autor nascido no Rio e filho de um
publicitário argentino com uma bancária brasileira. "Tem
que ser resiliente."

Essa perseverança foi colocada à prova recentemente.
Pastores evangélicos de cidades em 21 estados
brasileiros estão processando Cuenca. Eles se dizem
ofendidos por uma postagem que o escritor fez em uma
rede social em junho. A defesa do autor j á contabiliza
134 ações judiciais que somam quase R$ 2,3 milhões
em pedidos de indenizações.

"O brasileiro só será livre quando o último Bolsonaro for
enforcado nas tripas do último pastor da Igreja
Universal", dizia o texto publicado pelo carioca. A
mensagem foi baseada na frase de Jean Meslier, autor
do século 18, cuja versão original afirma que "o homem
só será livre quando o último rei for enforcado nas tripas
do último padre".

A Justiça do Rio acatou pedido feito por um desses
líderes religiosos e determinou que a conta de Cuenca
no Twitter seja excluída. Cabe recurso.

"Das centenas de milhares de pessoas que já fizeram
uma paráfrase do Mesliernos últimos 300 anos, não sei
de ninguém que sofreu tantos processos e que perdeu o
emprego", afirma o escritor de sua casa, em São Paulo,
em entrevista feita por vídeo na segunda-feira (30).

Cuenca postou o tuíte em um momento "entediado na
quarentena". "Vi uma notícia sobre verbas do governo
indo para emissoras de TV e de rádio de propriedade de
pastores da Universal e de outras. Me veio de supetão a
frase do Meslier", conta. Ele não imaginou que a pará
frase fosse gerar polêmica. "Talvez tenha sido
ingenuidade minha."

Dois dias depois do post, o autor foi demitido da
Deutsche Welle (DW) no Brasil, veículo público alemão
de comunicação no qual ele era colunista desde 2019. A
empresa emitiu nota alegando que a mensagem
publicada pelo escritor contraria os seus valores.
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