Clipping Banco Central (2020-12-06)

(Antfer) #1
Banco Central do Brasil

Folha de S. Paulo/Nacional - Ilustrada
domingo, 6 de dezembro de 2020
Cenário Político-Econômico - Colunistas

"Considero isso o primeiro absurdo, o fato de essa
campanha difamatória ter acontecido e a DW ter
subscrito", diz Cuenca. "Dizer que eu estou clamando
pelo enforcamento dos Bolsonaro, asá tira não tem esse
sentido. Não estou clamando p elo enforcamento de
ninguém. Só acho que esses indivíduos têm que estar
longe do Estado, de Brasília."


Para ele, o tuíte ganhou grande repercussão por causa
do comunicado do seu desligamento. "Eles [DW]
cederam à pressão, compraram uma calúnia e isso fez
a coisa sair do controle", afirma. A nota oficial da
empresa foi compartilhada pelo deputado Eduardo
Bolsonaro. "Cuenca desrespeita o presidente Jair
Bolsonaro e é demitido. Há esperança de um trabalho
ético em determinados segmentos da imprensa",
escreveu o parlamentar.


"A partir dali o assunto entra nas redes da extrema-
direita e eu começo a receber ameaças de morte e de
processos", diz o escritor. "Sendo que dois dias depois
do post a repercussão já estava diminuindo. A manada
ataca e depois se distrai."


Cuenca dizter "ouvido de três fontes" que "sua cabeça
foi pedida por pressão do governo brasileiro sobre o
alemão". Ele estuda processar a empresa. "Não fui
inflexível. Ofereci escrever uma coluna imediatamente.
Seria um jeito de aprofundar a discussão."


À coluna, o porta-voz da DW, Christoph Jumpelt, afirma
que "a alegação de que o veículo reagiu a qualquer tipo
de pressão política é absurda" e que os seus
contratados devem obedecer a um código de conduta.
"Por mais contundente que seja um comentário, ele não
deve usar linguagem desumana."


"O direito à liberdade de expressão carrega a
responsabilidade pelo que está sendo dito. Fantasiar
que um oponente político deveria ser morto, enquanto
ao mesmo tempo assassina um grupo de outros
oponentes, cruza alinha da responsabilidade. Em um
ambiente político acalorado como o brasileiro, publicar
algo assim significa manusear explosivos", encerra


Jumpelt.

Cuenca explica que a sua paráfrase quer dizer que "a
República tem que ser soberana e livre da influência de
grupos religiosos e de famílias milicianas". "O que está
acontecendo é prova de que tenho razão."

"Quando penso no tamanho dessa repercussão, vem
um gatilho que sinaliza o quão irreal é isso. É absurdo
que eu esteja sendo perseguido pelo uso de linguagem
figurada em 2020."

"Os pastores evangélicos sabem o que é metáfora", diz
o escritor. "Eles usam o Evangelho diariamente para
seduzir os seus rebanhos. São leitores do livro que tem
mais linguagem figurada da história da humanidade: a
Bíblia.

Até os beócios dos bolsonaristas sabem."

Para Cuenca, a situação fica mais inacreditável "quando
você pensa que o presidente do Brasil se elegeu com
um discurso francamente de ódio. Dizendo que ia fuzilar
a petralhada e mandar a oposição para a ponta da
praia, um lugar de execução na ditadura. Esses caras
estão me acusando de ódio por causa de uma
metáfora."

"Pensa na Igreja Universal do Reino de Deus, que é
uma congregação, ump artido político, uma
multinacional que há décadas se dedica a difundir
discurso de ódio contra religiões de matriz africana. Eles
fazem isso usando concessões públicas de televisão."

Cuenca chama a enxurrada de processos pulverizados
em pequenas comarcas do Brasil de "assédio judicial".
"O objetivo deles não é ganhar. É constranger a pessoa,
inviabiliza-la e colocá-la como exemplo. O mais grave é
que se o sistema jurídico normaliza isso, cria um estado
permanente de medo e de censura", argumenta.

A Folha mostrou que em dezenas das ações contra
Cuenca há trechos idênticos e que mostram o uso de
modelos de redação, o que pode indicar ação
orquestrada. A Igreja Universal nega uma coordenação
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