Clipping Banco Central (2020-12-06)

(Antfer) #1

Mais do que notícias da traição


Banco Central do Brasil

Folha de S. Paulo/Nacional - Poder
domingo, 6 de dezembro de 2020
Cenário Político-Econômico - Colunistas

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Autor: Janio de Freitas


Os mortos por Covid-19 nos Estados Unidos de Trump
já equivalem aos americanos mortos em cinco guerras
do Vietnã.


Os 58 mil do número oficial de americanos mortos na
guerra iniciada pelo democrata John Kennedy
multiplicam se por cinco com a recusa de Donald Trump
a combater a contaminação. A 'America great again",
que o impulsionou à Casa Branca, a cada dia fica menor
também em vidas.


Mas nada acontecerá a esse genocida, como nada
aconteceu aos genocidas das bombas de napalm, com
gelatinas em chamas pegajosas nos corpos, lançadas
sobre as populações civis: um milhão de mortos, na
estimativa autocomplacente dos americanos, e perto de
três milhões para centros de estudo da guerra.


Jair Bolsonaro e seus generais seguiram o ídolo, com
primarismo ainda maior. Até hoje inexiste um plano de
orientação nacional, ficando os estados entregues às
ações e inações, precariedades e perplexidades de


cada um.

Repete-se o descaso deliberado quando o novo ataque
do vírus alcança proporções alarmantes, seja ou não
uma segunda onda, discussão ociosa.

Os jornais se deram um prêmio, pelo empenho noticioso
apesar dos riscos e grandes dificuldades operacionais
dos jornalistas sob a pandemia. Ali atrás, a expressão
"empenho noticioso" não pôde acompanhar-se de
alusão a outra responsabilidade que os leitores e
espectadores tinham o direito de esperar. Aquela que
consiste na junção social de que os próprios órgãos de
comunicação se declaram portadores.

O governo foi noticiado na traição às suas obrigações
constitucionais, morais e humanitárias, mas não
cobrado à altura, nem mesmo incomodado, para
cumpri-las por necessidade vital da população.

Os brasileiros têm o direito e a premência de não
estarem sujeitos à incompetência e ao servilismo de
alguém que passa por ministro da Saúde ou por
presidente. Mas que, na verdade, é uma ameaça
idêntica ao vírus.

Sem transbordar do jornalismo, antes pelos meios
legais de que dispõem, aos órgãos de comunicação
cabia agir para compelir o governo a sanar sua traição
aos deveres que, como princípio, o justificam.

A ferocidade do vírus e a traição do governo
confraternizam-se outra vez. Noticiadas, só.

Nas sombras

A perda crescente de representatividade de quase todos
os partidos leva muito eleitor a decidir o voto sem se
importar com a sigla. Isso reduz o poder sinalizador das
eleições municipais com vista à presidencial. A
abstenção muito alta, não só por efeito da pandemia,
impôs redução ainda maior da capacidade sugestiva
das eleições recentes.
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