Clipping Banco Central (2020-12-06)

(Antfer) #1

PAULO LEME - Desafios para 2021: liderança e gestão


Banco Central do Brasil

O Estado de S. Paulo/Nacional - Economia
domingo, 6 de dezembro de 2020
Banco Central - Perfil 1 - Fed

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Autor: PAULO LEME


No início dezembro, sempre há uma proliferação de
relatórios sobre as perspectivas para a economia e os
mercados financeiros globais para o ano que vem. Os
relatórios preparados por Wall Street são muito
otimistas. O consenso é que em 2021 teremos uma
recuperação vigorosa do crescimento do PIB.


Em 2021, a recuperação econômica mundial será
impulsionada pelo arrefecimento da pandemia e os
estímulos monetários e fiscais. A segunda onda de
covid-19 se agravará até o final do inverno no
hemisfério norte, onde teremos um aumento no número
de casos e mortes. A segunda onda provavelmente
contrairá o PIB mundial no quarto trimestre de 2020. No
entanto, este quadro irá se reverter a partir do segundo
trimestre de 2021, já que poderemos reabrir as
economias graças à ampla distribuição de três vacinas e
de novos antivirais e coquetéis imunológicos. Aí, sim,
entraremos na primavera sustentável do PIB mundial.


Em 2021 os bancos centrais manterão uma política
monetária e de crédito fortemente expansionista,


caracterizada por taxas de juros reais negativas e
programas de recompra de ativos por parte do Fed e do
BCE. Além disso, é provável que a política fiscal do
governo Biden seja fortemente expansionista, visando a
estimular a demanda agregada; gerar emprego e renda;
e aumentar a despesa em programas sociais, saúde e
infraestrutura. O estímulo fiscal aumentará o
crescimento do PIB dos EUA e talvez do mundo.

Dadas estas hipóteses, o relatório econômico divulgado
pela OCDE na semana passada prevê que o PIB
mundial crescerá 4,2% em 2021, comparado com uma
queda de 4,2% em 2020. Neste cenário, os EUA e a
Europa crescerão 5% e 5,5%, versus a queda do PIB de
3,6% e 7,2% em 2020. Na China, o crescimento do PIB
irá se acelerar para 8%, comparado com uma expansão
de 1,8% este ano. As previsões de crescimento do PIB
divulgadas pela OCDE estão 35% abaixo do consenso
de Wall Street. Isto se deve a uma visão mais
pessimista de curto prazo e a dificuldade da economia
mundial de retornar ao seu ritmo de crescimento inicial
devido ao efeito "cicatriz", causado pela destruição do
estoque de capital e produtividade devido aos
lockdowns. A inflação mundial seguirá estável por volta
de 2,5% em 2021, ficando abaixo da meta de 2% nos
EUA e na Europa.

Apesar de termos muitos desafios e riscos pela frente,
as perspectivas para os mercados financeiros globais
são excelentes para 2021. Investir em um ambiente de
juros reais negativos é difícil, forçando o investidor a
tomar mais risco, alavancar a carteira e aceitar
investimentos ilíquidos. Mesmo assim, aposto que o bull
market global continuará em 2021. Isto de deve ao
grande volume de liquidez, mais de US$10 trilhões
parados em caixa e a retomada do crescimento
econômico. Estou otimista em renda variável, mas
pessimista em renda fixa, já que US$17 trilhões de
títulos públicos oferecem taxas de juros negativas e dois
terços dos títulos de renda fixa rendem menos de 1% ao
ano.

A recuperação da economia americana deverá
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