O Tempo (2020-12-07)

(Antfer) #1
CELIANE FREITAS/FOLHAPRESS - 5.12.

¬RIO DE JANEIRO. Adiado por
causa da crise energética
que afetou o Amapá em no-
vembro, o primeiro turno
da eleição para prefeito de
Macapá foi realizado on-
tem. Josiel Alcolumbre
(DEM), irmão do presiden-
te do Senado, Davi Alco-
lumbre (DEM-AP), e o de-
putado estadual Dr. Fur-
lan (Cidadania) disputa-
rão o segundo turno no
próximo dia 20.
Macapá foi a única cida-
de do Estado que teve a elei-
ção adiada. No pleito deste
domingo, Josiel teve
29,47% dos votos, contra
16,03% do segundo coloca-
do, Dr. Furlan. A disputa pe-
lo segundo lugar foi aperta-
da. O ex-governador João
Capiberibe (PSB) terminou
em terceiro com 14,94% – fo-
ram pouco mais de 2.000 vo-
tos de diferença entre eles.
A campanha em Maca-
pá foi atingida em cheio pe-
lo apagão. No início, Davi
Alcolumbre tomou para si
um papel na resolução da
crise, participando de reu-
niões e chegando a divul-
gar vídeo com o ministro
de Minas e Energia, Bento
Albuquerque, prometendo
solução rápida. No fim do
mês, esteve ao lado do pre-
sidente Jair Bolsonaro

(sem partido) em anúncio
de medida provisória que
isentou os moradores do Es-
tado do pagamento da conta
de luz de novembro. “Isso é
um grande gesto com o povo
do Amapá”, afirmou.
Mas a demora na retoma-
da do abastecimento deu mu-
nição aos candidatos de opo-
sição, que colocaram a conta
da crise no governador Wal-
dez Góes (PDT) e no atual
prefeito, Clécio Luís (sem
partido), aliados de Josiel Al-
columbre na disputa.
Josiel mantinha uma lide-
rança relativamente tranqui-
la nas pesquisas de intenção
de voto até o início da crise
energética, mas começou a
perder pontos à medida em
que o racionamento de eletri-
cidade perdurava.
O adiamento da eleição
foi alvo de queixas da segun-
da colocada nas pesquisas à
época, Patrícia Ferraz (Pode-
mos), e mudanças de regras
que permitiram o reinício do
horário eleitoral e o aumen-
to do limite de gastos foram
questionados também por
outros partidos.
Segundo eles, as medidas
beneficiaram Josiel, que já ti-
nha mais tempo de TV e já
havia tido as maiores despe-
sas até aquele momento. Os
candidatos de PSB, Pode-
mos, PT e Cidadania chega-
ram a fazer um mandado de
segurança, pedindo que o
TSE revisse a decisão.
O apagão ocorreu no dia
4 de novembro, após incên-

dio na subestação que rece-
be energia de outros esta-
dos. O incêndio danificou
dois dos três transformado-
res usados para baixar a ten-
são da eletricidade antes de
inseri-la na rede estadual de
distribuição.
O terceiro transformador
estava parado para manuten-
ção havia quase um ano.
Sem poder contar com a su-
bestação, o estado ficou de-
pendente das duas hidrelétri-
cas locais, que não geram
energia suficiente para aten-
der a demanda.

ERICH MACIAS RODRIGUES/FUTURA PRESS/FOLHAPRESS

Voto


Risco à segurança motivou adiamento do pleito


Para Barroso, implantação de voto impresso não é necessária

Dr. Furlan chegou ao segundo turno após disputa acirrada

“É praticamente facultativo”


7


BRASÍLIA. O presidente
do Tribunal Superior
Eleitoral (TSE), o ministro
Luís Roberto Barroso reco-
nhece que o voto obrigató-
rio no Brasil tem se tornado
facultativo, diante da alta
abstenção ocorrida nas elei-
ções municipais.
“Acho que o voto hoje
no Brasil é praticamente fa-
cultativo porque as conse-
quências de não votar são
pequenas. Acho que a gen-
te começa a fazer uma tran-
sição. O modelo ideal é o
voto facultativo e em al-
gum lugar do futuro não
muito distante ele deve
ser”, analisa.

Apesar da análise, o presi-
dente do TSE explica por
que ainda não defende o vo-
to facultativo: “Acho que a
democracia brasileira vem
se consolidando, mas ainda
é jovem, e portanto ter al-
gum incentivo para as pes-
soas votarem é positivo”, afir-
ma o presidente do TSE.
“Nos países de voto facul-
tativo você incentiva a polari-
zação, porque os extremos
não deixam de comparecer,
e os moderados muitas ve-
zes deixam. Portanto, tam-
bém por essa razão, ainda
prefiro voto obrigatório com
sanções leves como é no Bra-
sil”, completa Barroso.

Em entrevista ao jornal
“Folha de S.Paulo”, Barroso
refuta as suspeitas de grupos
bolsonaristas, incentivados
pelo presidente Jair Bolsona-
ro, sobre a confiabilidade da
urna eletrônica, minimiza os
efeitos das tentativas de ata-
ques hackers ao TSE e o atra-
so na divulgação dos resulta-
dos do primeiro turno. Barro-
so ainda indica que há a
chance de ligação entre os
responsáveis por esses ata-
ques com investigados nos
inquéritos sobre fakenews.
Questionado sobre a pos-
sibilidade de implantação do
voto impresso e da insistên-
cia do presidente Jair Bolso-

naro e de seus apoiadores,
Barroso disse que a iniciativa
não depende do TSE.
“Isso dependeria de o
Congresso aprovar uma
emenda e de o STF conside-
rá-la constitucional. Por que
não tenho simpatia pelo voto
impresso? Em primeiro lu-
gar, pelo fato de que ao tem-
po que tínhamos voto impres-
so é que tinha muita fraude.
Na verdade desde 1996 nun-
ca se noticiou uma fraude se-
quer. O voto em cédula é de
um anacronismo, com todo
respeito a quem pense dife-
rente”, avaliou. (Matheus
Teixeira e Leandro Co-
lon/Folhapress)

Disputa. Data da eleição foi adiada por causa do apagão que deixou 14 cidades do Amapá às escuras


Irmão de presidente
do Senado vai
enfrentar deputado
estadual no dia

Macapá vai ter segundo turno


entre Josiel Alcolumbre e Furlan


GABRIEL PENHA/PHOTOPRESS/FOLHAPRESS

Josiel Alcolumbre ficou em primeiro mas perdeu fôlego com o apagão

¬RIO DE JANEIRO. O Tribunal Re-
gional Eleitoral (TRE-AP) le-
vou o pedido de adiamento ao
Tribunal Superior Eleitoral
(TSE), após órgãos do poder
público declararem que não
havia garantia de segurança,
se a data fosse mantida para
15 de novembro.
O receio era que os protes-
tos que ocorriam por causa do
apagão pudessem sair do con-
trole e impedir que a eleição

ocorresse com normalidade.
Na ocasião, ao decidir pelo
adiamento, o presidente do Tri-
bunal Superior Eleitoral, Luís
Roberto Barroso, explicou que
ouviu a Polícia Federal (PF), a
Agência Brasileira de Inteligên-
cia (Abin) e o Exército para to-
mar a decisão. Segundo ele, to-
dos os órgãos alertaram sobre
o risco de realizar o pleito na-
quelas condições.
No último sábado, em en-

trevista na sede do TRE-AP,
Barroso defendeu a seguran-
ça das eleições municipais
de Macapá.
“(A criminalidade é) preo-
cupante, grave, mas não espe-
cificamente um problema da
Justiça Eleitoral. Nesse mun-
do que a gente vive, totalmen-
te tranquilo só está quem es-
tá mal informado. Mas penso
que está tudo sob controle”,
afirmou o presidente do TSE.

6 | O TEMPOBELO HORIZONTE|SEGUNDA-FEIRA, 7 DE DEZEMBRO DE 2020 POLÍTICA


@brasiljornais
Free download pdf