Crusoé - Edição 137 (2020-12-11)

(Antfer) #1
O advogado Dorvil Vilela Neto, que representa a ministra Tereza Cristina, afirmou
à reportagem que "a produtora rural Maria Manoelita [mãe da m inistra], e depois
seu espólio, celebrou negócios com o nomeado grupo, os quais foram
encerrados em âmbito judicial, quando todos os débitos que o espólio possuía
com a outra parte foram devidamente quitados, inclusive com comprovação nos
processos e homologação do Poder Judiciário". "Eram negócios privados do
espólio da mãe da ministra e que, portanto, não t inham qualquer relação com a
atividade pública da filha", disse.

Nas suas investigações, os auditores também cruzaram planilhas de propinas
entregues pelos delatores à PGR com o caixa da hold ing e, com isso,
conseguiram confirmar pagamentos a intermediários e a empresas ligadas a
outros políticos graúdos. Foi o caso, por exemplo, dos repasses da JBS ao
advogado Erick Wilson Pereira, a quem caberia fazer a ponte com o atual
m inistro das Comunicações, Fábio Faria. Essa é uma situação que se distingue da
anterior, envolvendo a ministra Tereza Cristina, uma vez que esse trecho da
auditoria apenas reforça o que já consta do acordo de colaboração premiada da
JBS - ou seja, pode não complicar a empresa, mas pode complicar o ministro.


Erick Wilson Pereira aparece na delação de Ricardo Saud, ex-diretor de Relações
Institucionais da J&F. Saud disse ter repassado 1 O milhões de reais em propina
para Fábio Faria e seu pai Robinson Faria, ex-governador do Rio Grande do
Norte. Parte desse valor por meio de Erick Wilson Pereira e o restante por
intermédio de empresas ligadas à família Faria. Em setembro de 2018, a
investigação sobre o atual ministro foi arquivada pela ex-procuradora-geral,
Raquel Dodge. "Em duas ocasiões, a m inistra Rosa Weber e o ministro Alexandre
de Moraes, do STF, em concordância com a PGR, reiteraram decisão de
arquivamento do processo", argumentou Fábio Faria por meio de sua assessoria.
Ocorre que as transferências a empresas associadas ao clã Faria foram
confirmadas pela auditoria. Bem como o repasse de ao menos 1,5 milhão de
reais para Fábio Faria via o advogado Erick Wilson Pereira.

3.2.5.1 Perdão de Valores
Ao analisar as compras fictícias de gado. o Time de lnvest1gaçao se deparou
com uma operação envolvendo o Espólio de Mana Manoelita A L. C. Costa
("Espólio "). A Sra Maria Manoehta era mãe da Sra. Tereza Cnstina Corrêa da
Costa Dias ("Tereza Cristina D ias"), atual Ministra da Agricultura.
A Companhia, em 16 de outubro de 2012, celebrou com o referido Espólio um
contrato de adiantamento para aquisição de gado. no valor de R$100.000,00.
Este contrato foi posteriormente rescindido. Todavia. o Espólio somente

Auditoria Tereza Cristina da j&F menciona contrato para aquisição de gado com a mãe da ministra


  • -~ Valor 1n o ValOI"
    Benefici6no Benefici6no Real Partido no ,'::!.xo c~~~~
    Coosultor1a Lida e PeSQu1sa Técntea HennQue Atves PMDB 176000.00 161656.
    CRE i=mnr Partoc1paçOes .............. 1mon•-e Eduardo Sciarra PSD 200000,00 190000,
    Dall e n Agnot p Be<kembrock , .. e rnn N/A ::etii:>M N/A 300000.00 :Q7711u 4900671.
    C&m,.....neri E A Pereira Adv
    .,bdos Comunteac&o Fabt0 Faria
    Ecoar Agénc.a de Notre.as e PSD 2.000000,00 1.^900 000,
    MarkPtin"' Elctrobldu Comercial Elctr1ca Fabto NtA Faria PSD SL 1.000.000,00 163.33400^95016333400 .000,


Er1d< FGA Assessoria Pereira Adv e Nont\r-1os odos Eduardo rabt0 ~&ril! Cunha PMOB PSD 1.00000000 1642 .70000 (^154167888). 50000 4 00



  • --.


Planilha revela repasses ao ministro das Comunicações, Fábio Faria, como também
a outros políticos como Eduardo Cunha e Henrique Alves

Repasse não justificado ao Instituto Lula


Entre os anos de 2007 e 2017, a J&F teria registrado, em seu caixa, mais de 14
bilhões de reais como "outras contas a pagar". Questionada pelos auditores, a
hold ing d iz que o termo fazia referência "a fornecedores/prestadores de serviços
(pessoa física ou jurídica) que não possuem cadastro no sistema, f icando a
descrição de forma livre ao usuário que registra o pagamento". Em meio a esses
repasses, foi encontrado um pagamento de 2 m ilhões de reais ao Instituto Lula,
que não está contemplado na delação da empresa. Joesley disse que a doação foi
realizada a pedido de Paulo Okamotto, presidente do Instituto, depois de ele se
encontrar pessoalmente com Lula pela primeira vez. A doação, segundo ele, teria
sido regular e sem contrapartida. Mas, segundo os auditores, a "J&F não
apresentou documentação suporte para o referido pagamento". Procurado por
Crusoé, Okamotto afirmou que, em 2013, um ano antes do repasse, buscou
empresários para fazerem doações ao Instituto Lula. "Em 2013, a gente sabia que
haveria eleição em 2014, e nós somos uma entidade que vive de doações de
pessoas físicas e jurídicas. Então, para fazer um planejamento de trabalho é
muito importante você ter um fundo, né?".
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