seram que iam levar a gente pra uma tal
de iscola, rum... e anoiteceu, meus meni-
no tudo cochilaram, os home se aproxi-
maram de mim, e começaram a me tocar,
disseram que tava na hora deles vê se eu
merecia ir com eles, quando eles tocaram
em mim, eu me arriliei, sem oia pra trás
sai doida correndo, atravessei mancabira,
mato brabo, perdi o controle de onde tava
indo, larguei tudin pra trás, meus meni-
no... meus minino ficarum tudo lá... eu já
não podia vortar, eu já não pudia parar,
eu num pudia, quando me dei conta, es-
tava deitada num lugar branco, cheio de
gente diferente, era um hospital, e toda
vez que eu abria o olho e me alembrava
de tudo que tinha de acontecido, eu fe-
chava os zoi de novo e pedia a Deus, me
leva, me leva pelo amor que o senhor tem
por mim, me leve... mas parece que Deus
num me ama tanto assim, fiquei viva e fui
trabalhar na casa de dona Maria Vitória,
ela era mulher boa, mulher tranquila, ca-
sada com seu Zé. Estava tudo bem, até
a mãe de Dona Maria adoecer e ela foi lá
cuidar dela, me deu a seguinte indicação:
dando oito hora tu bota a comida de Zé
na mesa e vai deitar, apois assim eu fa-
zia todo dia. Botava a comida e ia deitar,
botava a comida e ia deitar, ouvia seu Zé
chegar cambitano, sentar na mesa, co-
mer e ir deitar. Mas um dia, seu Zé che-
gou, sentou na mesa e gritou: Mariaaaa,
oh Mariaaaa, hoje eu quero um suquin!
Ri ri ri... ele riu alto, eu calada tava, ca-
lada fiquei. Seu Zé continuou gritando, e
quanto mais ele gritava, mais eu me en-
colhia, me escondia. Eu ouvi ele levantar,
eu ouvi seus passos se aproximando da
porta, e vi o barulho do teu punho indo
contra a porta, gritando: Mariaaaa, Ma-
riaaaaa.... hoje você não me escapa sua
mulinha! Eu empurrei a cômoda, mas
não adiantou. Fechei os olhos e senti o
seu corpo que queimava vindo para perto
de mim, eu curri tanto, e não me adian-
tou, eu estava morrendo numa cama,
sangrando, igual minha mãe, por causa
de um home, a diferença é que minha
mãe deu a vida a um, e eu tirei... Meu
corpo foi violado, o corpo dela foi violado,
violaram nossos corpos, nos violaram! Me
tocaram sem permissão, invadiram-me,
eu não lhes dei permissão.
Eu apenas nadava, andava de bicicle-
ta, eu estava saindo da malhação. Fui
a praia, eu sai para passear. Fui viajar
sozinha... meus peitos cresceram... meu
peitos... será que foram meus peitos? Ele
era amigo de papai, chegou em casa num
dia bem de tardezinha, e disse que eu era
linda! Quando papai ia a cozinha, falar
com mamãe, ele levantava minha blusi-
nha, e dizia que eu tinha lindas tetas! Eu
achava engraçado (Ri), ele disse que ia me
dar sorvete e uma linda bonequinha, dis-
so eu gostei, adoro bonequinhas! Mamãe
disse que eu ia passear com padrinho, o
padrinho era ele. Saímos, passamos na
sorveteria e eu comi um tantão de sor-
vete, ele alisava meu joelhinho e olhava
para minha boquinha como se quisesse
lamber ela, igual a mim lambendo o sor-
vete. Depois de comer um tantão de sor-
vete, ele disse que íamos buscar minha
bonequinha nova na casa dele. Eu estava
muito feliz, até chegar lá, não tinha bo-
nequinha nenhuma, tava tudo sujo e ele
amarrou minha boquinha, disse que era
um joguinho novo. Me deitou na cama feia
dele e tirou minha roupinha toda, passou
aquela língua grandona dele em mim,
eu sentia cocegas e nojo, igual quando o
meu cacho Bilu lambe meu joelho, eu não
gosto. Ai ele pegou o dedão dele e meteu
na minha xoxotinha, doeu, e eu vi sair
sangue, ai eu chorei, ele alisou meu ca-
belo, e disse que a dor já ia passar, que
era para eu ficar quietinha, que a boneca
tava chegando. Eu engoli o choro e fiquei
com medo dele. Depois ele botou um piu
piu gigante para fora e começou a mexer
nele, e saiu um negocio bem branco do
piu piu dele, em cima de mim, e me sujou
toda, eu chorei mais! Ele me pegou, me
deu banho, depois tirou o pano da minha
boquinha e me disse que se eu contasse
alguma coisa para mamãe ou para papai
ele ia matar Bilu e eu nunca ia ganhar
minha bonequinha. Fiquei quietinha,
mamãe nem percebeu que eu estava com
dor na minha xoxota. E toda vez que pa-