marighella

(Ornilo Alves da Costa Jr) #1
102 CARLOS, A FACE OCULTA DE MARIGHELLA

Lott do cargo de ministro e nomeou o general Fiúza de Castro. Lott,
em meados de novembro de 1955, retomou o posto de ministro da
Guerra, fez aprovar estado de sítio no país, num prazo de 30 dias, e
garantiu a posse dos eleitos. O governo de Juscelino pode ser definido,
sinteticamente, como ligado a um nacional-desenvolvimentismo que
tem na construção de Brasília, em 21 de abril de 1960, o seu símbolo
maior. A inserção do capital estrangeiro na economia nacional, com
destaque para os Estados Unidos, é também uma marca registrada
desse período.
O Partido Comunista apoiou a candidatura de Juscelino à Pre-
sidência da República. Em troca, o Partido visualizava uma situação
de semilegalidade. De fato, a partir de 1958, o governo Kubitschek
mandou finalizar o processo contra Prestes e outros comunistas. Vi-
mos que em 1956 desabaram sobre os comunistas de todo o mundo
as denúncias sobre os crimes cometidos por Stalin, no histórico XX
Congresso do Partido Comunista da União Soviética. A partir da-
quele congresso, Carlos Marighella teve uma participação efetiva na
campanha para que alterasse o nome do registro do Partido Comu-
nista do Brasil para Partido Comunista Brasileiro.^145 Uma forma de
aproximar os comunistas da realidade política nacional e desvincular
sua vocação internacionalista. Marighella integrou a executiva do PC,
alternando suas funções com a comissão de finanças do Partido. Na
visão de Gorender, essa campanha de troca do nome do Partido não
traria a imediata legalidade, porque “até 1964 o PC se esforçou em
ser legal e não conseguiu”.^146 Progressivamente, o Partido Comunista
voltou a atuar na conjuntura brasileira, e o mesmo Gorender atribui
ao período que vai de 1959 a 1964 “a época de maior enraizamento
do PC dentro da política brasileira”.^147 O Partido estava dentro dos
sindicatos, junto ao movimento estudantil, no movimento camponês,


(^145) Depoimento de Geraldo Rodrigues dos Santos colhido pelo autor em 12.12.98.
(^146) Entrevista de Jacob Gorender à Revista da Bahia, Encarte Especial, dez. 1988.
(^147) Idem, p.16.

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