marighella

(Ornilo Alves da Costa Jr) #1
EDSON TEIXEIRA DA SILVA JUNIOR 103

e exatamente por ter destaque político no início da década de 1960
é que tem a sua legalidade plena negada.
O início dos anos de 1960 merece um destaque à parte para
dois acontecimentos políticos: a renúncia do presidente eleito Jânio
Quadros e a instalação, em 1º de abril de 1964, do regime autoritá-
rio liderado pelo alto comando do Exército Brasileiro. A eleição de
1960 foi disputada tendo como candidatos majoritários o Marechal
Lott, pelo PSD-PTB, Ademar de Barros, pelo PSP, e Jânio Quadros,
pela UDN. O resultado do pleito dera a Jânio uma porcentagem de
48% dos votos, sendo seguido por Lott com 32% e Ademar com
20%.^148 Na legislação eleitoral, o vice-presidente eleito seria o que
reunisse o maior número de votos, fato alcançado por João Goulart,
com 4,5 milhões. Jânio Quadros foi um político sempre envolvido
com situações um tanto surpreendentes. Fizera carreira política no
Estado de São Paulo desde vereador a governador, chegando depois
à Presidência. Seu estilo espalhafatoso rendera a ele o estigma da
vassoura, cuja propaganda significava varrer a corrupção do Brasil.
A União Democrática Brasileira, partido de cunho conservador e
muito ligado aos militares, vê em Jânio o candidato ideal. O Partido
Comunista optou pelo apoio ao general Henrique Teixeira Lott e
a seu vice, João Goulart. O general seria o nome mais aceito, haja
vista sua recente participação na defesa da posse de Juscelino. Jânio
Quadros governou a seu modo e das muitas atitudes imprevisíveis
que teve uma se destacou: a condecoração do líder revolucionário
Ernesto Che Guevara – um dos líderes da Revolução Cubana, que
depôs o ditador Fulgêncio Batista em Cuba, em janeiro de 1959 –
com a medalha “Cruzeiro do Sul”, símbolo de honra da República
brasileira. A desilusão da UDN com seu candidato só aumentou e
a crise política se acentuaria quando em 25 de agosto de 1961, sete
meses após sua posse, Jânio renuncia. Pelas regras constitucionais


(^148) PENNA, Lincoln de Abreu. Uma História da República. Op. cit., p. 252.

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