marighella

(Ornilo Alves da Costa Jr) #1
EDSON TEIXEIRA DA SILVA JUNIOR 121

contra o golpe de direita, tornava-se imperativa quando os golpistas já
tinham o poder nas mãos”.^184 Nem por isso pode-se reter uma unidade
desses segmentos de esquerda ao optarem pela luta armada. Surge no
cenário nacional um conjunto de organizações tendo como objetivo a
derrubada imediata da ditadura. A Revolução Cubana deve ser vista
aí como um elemento propulsor dessas tendências. Não significaria
uma cópia fiel do modelo revolucionário cubano, mas o seu exemplo
surtia efeitos no Brasil.
Nesse exato momento, a narrativa passa a enfocar a passagem do
Agrupamento Comunista de São Paulo à Ação Libertadora Nacional,
procurando enfatizar a atuação de Carlos Marighella dentro da luta
armada.
Em abril de 1968 circulava o primeiro exemplar de O Guerri-
lheiro, jornal que se intitulava “órgão dos grupos revolucionários”.^185
O mesmo exemplar trazia o “Pronunciamento do Agrupamento
Comunista de São Paulo”. No pronunciamento era sustentada, logo
no seu início, a ideia de que não eram partidários do foquismo por
considerá-lo inaquedado à realidade brasileira: “o foco seria o mes-
mo que lançar um grupo de homens armados em qualquer parte do
Brasil e esperar que, em consequência disso, surgissem outros focos
em pontos diferentes do país”.^186 A proposta do Agrupamento era de
uma organização que se libertasse dos vícios cometidos pelo Partido
Comunista e da Comissão Executiva, encaminhada na guerra de
guerrilhas, tendo na área urbana papel de relevo, sem esquecer o papel
de “fiel da balança da revolução brasileira” exercido pelo camponês.^187
Para tanto, era necessário surgir uma nova organização. Esta deveria
ser “clandestina, pequena, bem estruturada, flexível, móvel. Uma or-
ganização de vanguarda para agir, para praticar a ação revolucionária


(^184) GORENDER, Jacob. Combate nas Trevas. São Paulo: Ática, 1998.
(^185) O Guerrilheiro, São Paulo, Abr. 1968.
(^186) Idem, p. 2.
(^187) Idem

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