marighella

(Ornilo Alves da Costa Jr) #1
EDSON TEIXEIRA DA SILVA JUNIOR 125

Entre os estudantes presos em Ibiúna, encontrava-se Carlos Fayal.
Ele enfatiza que sua inserção na ALN não está dissociada de uma ati-
vidade política anterior. Contribuiu para isso a guerrilha desencadeada
por Che Guevara na Bolívia, onde o líder revolucionário acabaria
morto. Che Guevara defendia a tese da criação de vários Vietnãs
como estratégia para derrotar o imperialismo dos Estados Unidos.
Para Fayal essa visão teve um peso considerável na sua opção pela luta
armada, mesmo não emplacando historicamente. Vários grupos de
luta armada sondaram os estudantes para ingressarem, entre eles a
Ala Vermelha do PC do B (Partido Comunista do Brasil).^194 Carlos
Fayal, em particular, defendia a tese de uma organização identifica-
da com o país: “vinha linha chinesa, linha cubana, linha soviética,
linha albanesa. Eu queria uma linha brasileira”.^195 O que acabou se
consumando com a opção pela ALN.
Mas como funcionava, em termos práticos, a Ação Libertadora
Nacional? Manuel Cyrillo narra sua primeira ação política, em 27
de dezembro de 1968, quando vigorava o Ato Institucional nº 5. O
objetivo era a expropriação de explosivos de uma empresa paulista
registrada como pedreira, mas que clandestinamente fabricava ex-
plosivos. Para esse tipo de ação a ALN dispunha do Grupo Tático
Armado (GTA). Este em que Cyrillo participou era uma terceira
composição de GTA da ALN. Chegaram na empresa munidos de
um mandado judicial de busca e apreensão assinado por um juiz
de nome Carlos Marighella. A apreensão transcorreu sem maiores
problemas, tudo havia sido checado antes da ação. Os “oficiais de
justiça” possuíam um mapa da fábrica explicitando a localização dos
paióis, alguns eram subterrâneos. A rota dos carros para o transporte
dos explosivos já estava previamente determinada.^196 Como não


(^194) O Partido Comunista do Brasil (PC do B) surge de uma dissidência do PCB, em
1962, e segue uma linha política inspirada na revolução chinesa ocorrida em 1949.
(^195) Cf. depoimento de Carlos Fayal.
(^196) Cf. depoimento de Manuel Cyrillo.

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