marighella

(Ornilo Alves da Costa Jr) #1
126 CARLOS, A FACE OCULTA DE MARIGHELLA

houve nenhuma resistência dos funcionários a operação foi um su-
cesso. O GTA, quando atuava na área urbana, nas palavras de Celso
Horta, ex-militante da ALN, era um aprendizado para a guerrilha
rural. A própria guerrilha urbana era um trabalho de propaganda,
de aprendizado, de infraestrutura, essa era a concepção.^197 No “Mi-
nimanual do Guerrilheiro Urbano”, há uma definição de como o
guerrilheiro faria para se manter e, nesse caso, manter a própria or-
ganização: “as pequenas expropriações são destinadas à manutenção
do guerrilheiro urbano e as grandes necessidades da Revolução”.^198
Podemos reter das assertivas acima que o Grupo Tático Armado
agia na cidade com dois objetivos básicos: desestruturar a ditadura
através de ações político-militares e arrecadar recursos para se manter
e financiar uma fase posterior de guerrilha rural. A área urbana não
era, a rigor, o único objetivo da ALN. Tanto que Carlos Marighella
planejava uma viagem para o Mato Grosso no dia 9 de novembro
de 1969, cinco dias após sua morte, com a finalidade de implantar
a guerrilha rural.^199
Retomando a Manuel Cyrillo, logo depois da sua primeira ação,
caiu na clandestinidade. Passou, aproximadamente, um mês e meio
em Juiz de Fora. Quando retornou encontrou o GTA de São Paulo
se reorganizando. Na sua definição o Grupo Tático Armado de São
Paulo tinha como objetivo inicial verificar na guerrilha urbana se o
guerrilheiro reunia condições para ser enviado ao exterior, onde rece-
beria treinamento para a guerrilha rural.^200 De início, o GTA deveria
atuar numa fase posterior à guerrilha rural, essa era a estratégia. En-
tretanto, destacou-se por atuar na área urbana. Em meados de 1969,
há uma reorientação das ações dentro desse GTA, cujo teor passaria a
conciliar ações urbanas mais politizadas. Em vez de expropriar apenas


(^197) Depoimento de Celso Horta colhido por Emiliano José, s/d.
(^198) Marighella, Carlos. Minimanual do Guerrilheiro Urbano. Op. cit. p. 59.
(^199) Cf. depoimento de Clara Charf.
(^200) Cf. depoimento de Manuel Cyrillo.

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