marighella

(Ornilo Alves da Costa Jr) #1
128 CARLOS, A FACE OCULTA DE MARIGHELLA

armadas no país”.^202 De início a ideia era elaborar uma estratégia para
a retirada do líder estudantil Vladimir Palmeira da prisão. O seques-
tro foi encaminhado por Franklin Martins, militante da Dissidência,
após conversa com Cid Benjamin. Para efetuar a ação, a Dissidência
resolveu convidar uma organização mais experiente militarmente: a
ALN. Para o Rio de Janeiro se deslocaram Joaquim Câmara Ferreira,
Virgílio Gomes da Silva, Paulo de Tarso Venceslau e Manoel Cyrillo
de Oliveira Netto. A data escolhida foi a semana da pátria, no dia 4 de
setembro. Da ideia inicial de libertar Vladimir Palmeira, projetou-se
um ato político de maior impacto, onde outros 14 presos políticos
comporiam a lista, entre eles Gregório Bezerra, militante do PC. Além
disso, a ditadura foi obrigada a ler nas emissoras de televisão um ma-
nifesto, contendo o seguinte trecho: “Finalmente queremos advertir a
todos aqueles que torturam, espancam e matam nossos companheiros
que não vamos aceitar a continuação dessa prática odiosa”. Para mais
adiante concluir em tom enfático: “Agora é olho por olho, dente por
dente”.^203 O manifesto aparecia assinado pela ALN e pelo MR-8. Na
verdade, a denominação MR-8 surge de um fato inusitado. Quem
explica é o historiador e participante da ação, Daniel Araão Reis Filho:


no primeiro semestre de 1969, o Cenimar (órgão de informação da Ma-
rinha) tinha desbaratado a Dissidência do Estado do Rio, que era uma
organização sem nome, porém, tinha uma folha mimeografada que eles
chamavam de ‘8 de outubro’, em homenagem ao dia da morte de Che Gue-
vara na Bolívia (8/10/67). Quando o Cenimar estourou essa organização
não podia anunciar uma organização sem nome. Então inventou e batizou
a organização como Movimento Revolucionário 8 de Outubro para que
tivesse maior repercussão.^204

(^202) LIMA, Roni. “O dia em que o embaixador foi sequestrado”. Jornal do Brasil, 1º
caderno, 03.09.1989.
(^203) Jornal do Brasil, 1º Caderno, p. 9, 3.09.1989.
(^204) Entrevista de Daniel Aarão Reis ao Estado de São Paulo, 01.05.1997.

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