marighella

(Ornilo Alves da Costa Jr) #1
EDSON TEIXEIRA DA SILVA JUNIOR 163

Tereza – Aí é que ficou difícil. Pois depois que ele entrou mesmo
na militância ele não podia ir, estava sendo procurado, clandestino,
com a polícia sempre atrás dele, antigamente tudo quanto era banco
tinha lá o cartaz – procura-se – quando ele podia mandava sempre
uma pessoa de confiança dele dar notícias, chegava lá em casa chama-
va minha mãe, falava que queria falar em particular. Quando estava
sendo procurado não aparecia mesmo, mandava sempre uma pessoa.
Quando eu vim para cá, em 1948, ele estava sendo procurado, e mais
tarde ele aparecia aqui nessa casa, de madrugada, vestido de padre ou
disfarçado com um bigode, e de manhã ia embora.


Edson – A senhora foi uma das parentes mais próximas dele aqui
no Rio?
Tereza – É, era eu, a minha irmã mais velha, a Anita, e a Julieta.
Eu fui a última das mulheres a vir para cá, as outras já estavam aqui.
Quando ele esteve preso na Ilha Grande, a minha irmã Anita foi
visitá-lo na Ilha Grande, foi na polícia, tirou os documentos todos
para visitá-lo e foi lá no presídio.


Edson – E como foi a visita, ela comentou alguma coisa?
Tereza – Ele dizia que estava tudo bem, mas bem não estava, não é?

Edson – A senhora havia comentado, quando eu cheguei, que
ele ia a missa, fez primeira comunhão, como foi a vida religiosa na
infância de Marighella?
Tereza – Fez primeira comunhão, ia à missa, tinha santinhos,
na igreja distribuíam santinhos, ele tinha santinhos, tudo direitinho
como uma criança boa, normal. Depois ele lia muito e com essa
leitura foi tendo outra mentalidade.


Edson – Qual o último contato que a senhora teve com ele aqui
em sua casa, ou um dos últimos?

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