marighella

(Ornilo Alves da Costa Jr) #1
16 CARLOS, A FACE OCULTA DE MARIGHELLA

da Ilha Grande, entre 1939 e 1945, através do Coletivo. As prisões
e torturas por que passou o personagem merecem destaque, são
elementos relevantes para caracterizar a repressão política brasileira.
Outro ponto analisado são alguns discursos no Congresso Nacional,
quando Marighella era deputado Constituinte, entre 1947 e 1948.
A reação do personagem ao 20º Congresso do Partido Comunista
não poderia ser suprimida, haja vista que esse episódio é um marco
na trajetória do movimento comunista de todo o mundo.
O terceiro capítulo, “Sem Tempo de Ter de Medo” situa o per-
sonagem no seu rompimento com o Partido Comunista e procura
enfocar a sua atuação dentro da Ação Libertadora Nacional (ALN).
Ressalva-se que em nenhum instante o objetivo é oferecer um retrato
completo do que veio a se constituir a ALN, haja vista que essa orga-
nização tem particularidades que aqui fogem aos pressupostos desta
dissertação. Como exemplo, pode-se apontar a forma como surge a
ALN, em São Paulo, a partir do Agrupamento Comunista, fato ainda
pouco explorado. A opção pela luta armada foi uma decisão difícil
para Marighella. Alguns militantes do Partido Comunista contribuem
para registrar esse momento.
A morte de Marighella não constitui objeto central deste trabalho
por não a considerarmos um fato isolado das sucessivas quedas de
militantes da ALN e da luta armada, de modo geral, depois de 1969.
A morte de Marighella merece um enfoque mais amplo sobre a pró-
pria ALN e a repressão política desencadeada pela ditadura militar.
Resta agora uma análise sobre a biografia. O caminho percorrido
pela biografia no final do século 20 deve ser interposto com o desen-
rolar da história política. O desenvolvimento desta, suas retrações e
avanços, amplia as condições básicas para compreender a inserção da
biografia como possibilidade de pesquisa.
O conceito de política está associado ao poder, ou melhor, à práti-
ca de poder. Logo, traz implicitamente uma disputa pela conquista do
poder. Não qualquer poder. René Rémond explica que “só é política

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