marighella

(Ornilo Alves da Costa Jr) #1
EDSON TEIXEIRA DA SILVA JUNIOR 177

procurou fazer exercícios. Mesmo quando ele estava fechado, clan-
destino, num quarto, ele se mantinha fazendo exercícios.


Edson – Isso na prisão?
Clara – Não. Clandestino não é prisão, clandestino é outra coi-
sa. Prisão é outra coisa, outro capítulo. Como ele gostava muito de
fazer exercício físico e, muitas vezes, não podia praticar devido à vida
clandestina, ele sempre procurou fazer exercícios em casa mesmo. Ele
não tinha muitos instrumentos para praticar dentro de casa, mas ele
fazia aquelas marombas, pegava aquelas – não sei se você conhece – a
gente comprava latas de leite em pó, enchia de cimento, duas latas
daquelas, colava aquilo, como se fosse num cabo de vassoura e fazia
peso com aquelas duas latas. Não sei se você consegue visualizar?


Edson – Sim, consigo...
Clara – Então, ele não tinha outras coisas, ele manteve esse hábito
até ser assassinado.


Edson – E era um ato frequente?
Clara – Ele achava que era importante para poder manter a
musculatura mais rija, ainda mais que ele esteve muitas vezes na vida
clandestina, não podia ir a um parque, a um bosque, ao longo da
vida. Eu não vou falar da primeira fase da vida dele, porque a Tereza
já falou, eu vou falar a partir do momento em que eu o conheci.


Edson – Exatamente, este que é o meu objetivo.
Clara – Essa característica dele, gostava muito de sol, adorava
caminhar. Em todos os momentos que ele podia, caminhava.


Edson – Ele gostava de praia?
Clara – Imagina, nascido aqui na Bahia, você já imaginou: praia,
natação. Sempre que podia. Isso está muito relacionado às épocas

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