marighella

(Ornilo Alves da Costa Jr) #1
178 CARLOS, A FACE OCULTA DE MARIGHELLA

da vida dele. Porque quando ele foi jovem, você tem aí todas as
histórias da juventude dele, quando ele começou a entrar para mili-
tância política, a vida dele se modificou. Aí entrou a cadeia, depois a
clandestinidade, depois a semilegalidade, depois, novamente, a clan-
destinidade, depois a liberdade. Esses períodos eram intercalados de
acordo com a conjuntura política do país, diante da qual ele sempre
se posicionou de uma maneira muito firme, e ele se movia de acordo
com essas circunstâncias, ora estava em liberdade, ora estava preso,
mas mesmo nas prisões ele manteve atitudes de praticar esportes, fazer
exercícios. Onde ele teve mais oportunidade de fazer isso foi na Ilha
de Fernando de Noronha, quando ele esteve preso de 1939 à 1945.
Quer dizer, passou pela ilha de Fernando de Noronha, indo depois
para a Ilha Grande.


Edson – Que outro tipo de exercício ele mais praticava?
Clara – Na época que a gente morava no Rio, quando ele era
semilegal, ele conseguiu algo como se fosse um remo, ele fazia o exer-
cício em casa, como se estivesse remando. E o mais engraçado que ele
fazia isso e ao mesmo tempo aproveitava para estudar inglês. Naquele
tempo surgiram os primeiros discos em inglês, ele ouvia inglês e ao
mesmo tempo ficava remando, que era para não perder tempo. O
negócio dele era não perder tempo, aproveitar o máximo de tempo
para tudo. Como ele era um homem que tinha muita curiosidade
intelectual, muita sede de conhecimento, achava que sempre devia
estudar, se preparar para todas as circunstâncias. Procurava estudar
idiomas também, ele aproveitava fazendo exercício, ligava lá os discos.
Isso era conforme as circunstâncias, não era uma coisa regular de to-
dos os dias. Era uma vez ou outra. Era muito difícil ele ter uma vida
absolutamente organizada, esquematizada. Ele tinha alguns princípios
de vida que nortearam o comportamento dele.


Edson – Quais seriam esses princípios?
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