marighella

(Ornilo Alves da Costa Jr) #1
EDSON TEIXEIRA DA SILVA JUNIOR 197

a mulher e os filhos, já era outro sistema de carceragem, isso de 1942
à 1945, ficaram 3 anos lá.


Edson – Eu só queria lembrar à senhora que por uma questão de
metodologia, de método, eu não me prendo à cronologia.
Clara – Eu também acho que não.
Edson – Das datas.
Clara – Eu acho que o problema de Carlos Marighella, que fica
muito chato você dizer em 1939 ele foi preso, em 1942 ele saiu foi
para a Ilha de Fernando de Noronha, em 1947 chegou, não dá para
fazer isso. Uma vida tão rica. Nós poderíamos podar.


Edson – Agora, e o gosto pelo futebol a senhora tinha alguma
coisa...
Clara – Isso aí a Tereza conheceu melhor, mais do que eu, porque
ele jogava futebol quando menino aqui na Bahia, todo mundo sabe
dessa história, não é? Tinha um “pezão” enorme, Jorge Amado falou
demais disso aí, que ele era louco por futebol, e mesmo depois, quando
ele morou no Rio, quando era possível, se ele pudesse ir a uma praia,
adorava dar uns chutes aí.


Edson – Ele acompanhava o futebol?
Clara – Imagina! Ele lia todas as páginas esportivas, todas, lia tudo.
Já clandestino, quando não podia ir ao estádio sabia tudo sobre o fu-
tebol. Até dos outros times. Aquela história do táxi eu te contei (para
Carlinhos), que ele entrou no táxi uma vez e o motorista começou a
perguntar sobre os times de São Paulo, sobre um campeonato, que eu
não me lembro, mas ele não tinha lido os jornais daquele dia, quando
ele entrou no táxi o motorista não sabia quem ele era e começou a falar
do jogo, quanto foi a partida, e ele não pôde acompanhar, não tinha
lido os jornais naquele dia sobre aquele jogo, ele ficou chateadíssimo
(risos): – Eu não posso fazer isso de jeito nenhum, dizia, até para a

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