marighella

(Ornilo Alves da Costa Jr) #1
EDSON TEIXEIRA DA SILVA JUNIOR 19

a sua relativa autonomia face ao enquadramento institucional em que
vive”.^11 E a esse indivíduo corresponde a biografia à medida que ela
se centra sobre a vida de um personagem singular.
A esta altura, duas observações devem ser enumeradas. A primeira
a respeito de explicar que ao priorizar essa face oculta, não relego
a um segundo plano a trajetória política do personagem, mesmo
porque boa parte de seus escritos, discursos, posições, enfim, de suas
ideias políticas, trazem sua visão de mundo e da época que viveu. Por
outro lado, a biografia política – ressalto que toda biografia contém
um componente político na medida em que reflete uma cultura,
uma época – tem como característica a articulação entre o micro e o
macro histórico, ela não se basta apenas com os dados referentes ao
biografado, é indispensável a inclusão do lugar social.
A segunda observação é sobre a relação existente entre biografia
e história de vida. Esta enquadra o personagem do nascimento em
diante, ou seja, inclui todo o registro possível de uma trajetória. As
biografias políticas são mais seletivas, o que não implica excluir dados
relevantes da personalidade do biografado. A história de vida pode
estar presente nas biografias que se propõem a verificar, até então,
facetas diferenciadas de um personagem, procurando fornecer dados
novos, para ampliar a inserção do biografado no mundo político.


(^11) VERNANT, Jean-Pierre. “O indivíduo na cidade”. In Veyne, Paul [et.al]. Indivíduo
e Poder. Lisboa: Edições 70, 1988.

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