marighella

(Ornilo Alves da Costa Jr) #1
EDSON TEIXEIRA DA SILVA JUNIOR 203

Ele disse: – Pois é, só fica comigo se eu comprar os móveis de
quarto. Aí o Marighella riu muito, porque achava muita graça dessa
coisa toda, né, não sei se ele facilitou o dinheiro, só sei que eles com-
praram o móvel de quarto.
Um outro dia Marighella decidiu mandá-lo para o interior, esse
rapaz tinha que fazer uma outra tarefa numa outra cidade do interior,
aí Marighella chegou para ele e disse assim: – Bom, fulano, você vai
ter que ir para tal lugar.
E ele: – Como é que vou fazer, eu vou deixar minha mulher aí,
como é que eu faço.
Marighella disse: – Bom, é melhor que você vá sozinho, vai pri-
meiro, vê as condições.
Enfim, conversou com ele, sempre facilitando, ajudando a encon-
trar solução para as coisas. Para resumir, que a história é um pouqui-
nho comprida, o rapaz foi lá primeiro, depois voltou, já acertou tudo,
onde ele iria viver na tal cidade, e chegou e foi falar com a mulher para
eles poderem ir embora, e ele tinha aprendido que os revolucionários
quando mudavam não levavam nada, para não deixar pistas. Às vezes
você pega um caminhão para transportar móveis, vamos admitir que
você pode estar sendo observado, e vão saber onde você vai morar. Era
uma norma, eles usavam bastante (risos). Então, não levava.
Pois é Marighella, eu fui falar com ela e ela só vai comigo se levar
o móvel de quarto.
Aí ficou mais encrencado, levar os móveis do quarto. Como é que
eu faço? Quer dizer, o rapaz não tinha muita experiência das coisas,
então ele tinha que discutir com Marighella que era a pessoa com
quem ele estava mais ligado, com mais experiência.
Aí o Marighella: – Ah! Por tão pouco, você aperriado por tão
pouco, faz o seguinte: Você pega os móveis, coloca num depósito –
que é assim que a gente fazia – tira os móveis da sua casa, bota no
depósito, deixa lá, quando passar um tempo, a gente tira os móveis
do depósito e manda para onde você está morando.

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