marighella

(Ornilo Alves da Costa Jr) #1
EDSON TEIXEIRA DA SILVA JUNIOR 209

dos Metalúrgicos. Eles não eram tratados como cidadãos normais
como qualquer outro. Não podiam casar, tinham todas aquelas li-
mitações, e o Marighella apoiava os militares nos marcos da luta pela
democracia aqui no Brasil, com as lutas pelas reformas de base que
eles também apoiavam. Marighella teve contato com eles e quando
houve o capítulo da ocupação do Sindicato dos Metalúrgicos, eu não
sei te dizer se Marighella teve lá. Eu estive, porque eu era do trabalho
de mulheres naquela época e nós fomos levar mantimentos, fizemos
um grande trabalho de solidariedade. Porque quando eles ocuparam
o Sindicato ficaram lá um tempo, então, a gente foi ajudar as famílias
dos marinheiros que ficaram do lado de fora sem ter nada para co-
mer. Ficaram responsáveis com a gente os intelectuais também, que,
naquela época formaram o CGI, Comando Geral dos Intelectuais.
Estava Álvaro Lins com a mulher dele, o Ênio Silveira e outros.


Edson – Uma outra questão, e agora é para finalizar, evidente-
mente quando se fala em Marighella há uma badalação, um interesse
muito forte sobre o momento em que ele rompe com o Partido Co-
munista e funda a ALN. Ao que a senhora atribui como elementos
que fossem decisivos para que ele de fato optasse pela luta armada?
Clara – Posso fazer um resumo, pois esse é um capítulo muito
longo. A postura do Partido Comunista, não só naquele momento,
mas antes, já desde a renúncia do Jânio, o Marighella achava que o
Partido Comunista, por muitas razões que eu não posso analisar aqui
em dois, três ou quatro minutos, não se colocava de forma revolu-
cionária para enfrentar as crises do próprio sistema, a crise política,
a expectativa de mudança na condução da política interna desse país
etc. etc.. Ele achava que o Partido não de colocava de forma revolu-
cionária, o Partido ia a reboque das classes dirigentes, acreditavam
muito na burguesia, nos acordos com a burguesia, na acumulação
de forças para apoiar esse ou aquele político mais progressista ou
mais democrático, ele achava que isso não ia ajudar a transformação

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