marighella

(Ornilo Alves da Costa Jr) #1
22 CARLOS, A FACE OCULTA DE MARIGHELLA

vida dedicada aos trabalhadores, ao socialismo e ao combate ao
imperialismo.
Marighella saiu da Bahia para o Rio de Janeiro, sendo novamente
preso em 1º de maio de 1936. Será barbaramente torturado, mas
resistiu a seus carrascos: “nada a declarar”. Em agosto de 1937 foi
anistiado pela “macedada” – como ficou conhecida a anistia do Mi-
nistro da Justiça, Macedo Soares. Voltaria ao cárcere em 1939, já na
ditadura do Estado Novo. Dessa vez ficaria detido no Presídio Especial
de São Paulo, daí para a Ilha de Fernando de Noronha. Mais tarde,
com a cessão dessa ilha como base naval estadunidense, no início da
Segunda Guerra Mundial, foi transferido para a Ilha Grande.
Com a anistia de 1945, logo após a deposição de Vargas, Mari-
ghella foi libertado. O Partido Comunista estava na legalidade, uma
nova Assembleia Nacional Constituinte seria convocada e Marighella
foi eleito deputado pela Bahia.
Como parlamentar, se caracterizou por intensa participação nas
sessões da Câmara. Proferiu 195 discursos em dois anos de mandato.
Discursos que eram, basicamente, contra a intervenção imperialista no
Brasil e, ao mesmo tempo, um aliado inseparável dos trabalhadores,
denunciando as dificuldades por que passavam.
Na esteira da guerra fria, o governo Dutra cassou o registro do
Partido Comunista e, logo ele passou a atuar em São Paulo, sobretu-
do na área sindical, tendo participação na greve dos 300 mil. Nesse
mesmo período, fez uma viagem à China e à União Soviética, onde
teve contato direto com o socialismo real.
Em 1956, realizou-se o 20º Congresso do Partido Comunista da
União Soviética. Kruschev, primeiro secretário, denunciou os crimes de
Stalin. As revelações do 20º Congresso provocaram um abalo nos parti-
dos comunistas de todo o mundo. No Brasil não foi diferente, muitos
optaram por abandonar o Partido Comunista. Marighella continuou.
Em 9 de maio de 1964, já na ditadura militar, Marighella foi ba-
leado dentro de um cinema carioca – o Cine Esky – Tijuca. Resistiu

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