marighella

(Ornilo Alves da Costa Jr) #1
246 CARLOS, A FACE OCULTA DE MARIGHELLA

experiência revolucionária em 1949, e o que é verdade é que eu vim
para a Bahia, minha mãe tinha uma base familiar forte aqui, tanto
a família de meu pai, quanto da minha mãe eram da Bahia. Então,
minha mãe veio para a Bahia e eu fiquei aqui até 1955, 1956, quando
eu fui finalmente para o Rio de Janeiro, quando eu já sabia que iria
conhecer meu pai. Eu morei inicialmente com minha família materna
lá, com minha avó, minha tia...


Edson – Quando você retornou, pois você nasceu no Rio?
Carlos – Eu nasci no Rio em 1948. E finalmente fui morar no
apartamento com meu pai, onde meu pai viveu com Clara. Vivemos
juntos até mais ou menos 1964, quando eu voltei para a Bahia, com a
prisão de meu pai e a desestruturação, daquela já precária vida familiar.


Edson – Onde era esse apartamento? Em qual bairro no Rio?
Carlos – Nós morávamos no Flamengo, na Correia Dutra.

Edson – Quando você retornou para a Bahia, ficou com sua mãe?
Carlos – Não, minha mãe, quando eu retornei pequenininho,
você quer dizer, com meses de nascimento?


Edson – Isso. O que ela passava com relação a seu pai?
Carlos – Olhe, tanto a família materna quanto paterna viviam
aqui, todos os irmãos, quer dizer, a maioria dos irmãos viviam aqui
na Bahia, tio Humberto, tio Caetano, toda a história familiar está
aqui na Bahia, então, eles não me passavam nada, eu vivia como um
Marighella aqui, era filho do Carlos. Eu sabia que meu pai era um
dirigente político, que ele estava foragido, que ele vivia clandestina-
mente, enfim, não havia nenhum mistério, digamos assim.


Edson – Mas o contato de sua mãe com seu pai, ela, ou melhor,
explica como foi o contato de sua mãe Esther com seu pai?

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