marighella

(Ornilo Alves da Costa Jr) #1
EDSON TEIXEIRA DA SILVA JUNIOR 247

Carlos – Minha mãe o quê?

Edson – Não era Esther o nome dela?
Carlos – Não, não, Elza. Minha mãe e meu pai se conheceram
lá no Rio de Janeiro. Minha mãe, como era muito comum acontecer
naquela época, foi para o Rio de Janeiro, cidade grande, venceu na
vida, né. Então minha mãe trabalhava na Light. A Light tinha uma
atividade política muito intensa, atividade sindical, e nessa atividade
conheceu meu pai, ficaram amigos e viveram juntos inclusive, uma
determinada época.


Edson – Na década de 1940?
Carlos – É. Eu não sei assim muitos detalhes dessa relação, talvez
a Ana Montenegro, que conheceu minha mãe lá nessa época, a irmã
do Prestes, enfim, minha mãe era uma pessoa do partido também,
tinha relação com pessoas do partido.


Edson – Elza Sento Sé era o nome dela. Antes você morava no
Flamengo e depois começou a estudar. Uma dúvida que eu tive no
seu depoimento ao Emiliano foi onde você começou a estudar?
Carlos – Olhe, é, a primeira vez, eu fui ao Rio antes e fui apre-
sentado a meu pai, embora eu tivesse ido ao Rio com essa finalidade.
Depois, por incrível que pareça, Clara até falou isso ontem aqui, os
únicos períodos de legalidade que meu pai viveu foram aqueles que
antecederam o golpe de 1964. Aí, de 1958 em diante, meu pai pôde
ter um endereço no nome dele, pôde aparecer, pôde ter um escritório,
incrível isso, porque o Brasil, em tese, inteiramente democratizado,
já há eleições, tinha eleições normais; em 1955 o Juscelino foi eleito
presidente e os comunistas não podiam ter uma vida legal. Em 1958,
por aí, antes de morar no Flamengo, meu pai morava no Méier, num
endereço já sabido. A casa foi invadida pela polícia, a polícia invadiu,
prendeu documentos, pegou material, fotos, livros.

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