marighella

(Ornilo Alves da Costa Jr) #1
EDSON TEIXEIRA DA SILVA JUNIOR 249

tos, eu morei lá um período até que eu pude me transferir de mala e
bagagem para a casa de meu pai.


Edson – Eu queria agora que você se estendesse mais sobre os
momentos de lazer, o contato que você tinha com ele, qual era a
conversa que você tinha com ele?
Carlos – Meu pai era uma pessoa muito carinhosa, eu rapidamente
me senti à vontade com ele, uma pessoa carinhosa, desses pais que
beijam, desses pais que se interessam pela vida escolar. Hoje eu fico
pensando, com as dificuldades que eu tenho com meus filhos, como
é que meu pai conseguia, com as preocupações que ele tinha, ainda
ter esse tipo de atenção, esse tipo de carinho com o filho. Mas ele
era, tipo assim, me beijava todas as noites, ele falava sobre sexo, quer
dizer, coisas que não eram comum numa relação entre pai e filho,
ele fazia bem assim.


Edson – O que ele falava sobre sexo?
Carlos – Eu fico imaginando e acho que meu pai era uma pessoa
muito conservadora, digamos assim. Mas ele era uma pessoa conser-
vadora assim: meu pai falava sobre virgindade, certos cuidados com
a virgindade das moças: “Olha lá, cuidado, a moça pode ser virgem!”
Ninguém hoje trata esse assunto dessa maneira, né!? Mas todas as
noções, mais ou menos científicas que eu tive de sexo aprendi com
meu pai. Ele falava, mostrava a literatura que havia em casa, os livros
de Fritz Kam. Os livros de sexualidade, que naquela época deveriam
ser uma revolução em termos de educação familiar que ele seguia.


Edson – Qual o autor do livro?
Carlos – Fritz Kam. Que tinha livros sobre sexualidade, que tinha
fotos, desenhos de pênis, vagina, doenças e ele falava abertamente
desses assuntos comigo. Era uma pessoa muito carinhosa e eu me lem-
bro que era excessivamente preocupado com meu currículo escolar.

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