marighella

(Ornilo Alves da Costa Jr) #1
250 CARLOS, A FACE OCULTA DE MARIGHELLA

Eu nunca fui assim um bom aluno, um aluno interessado na escola,
cheguei a perder um ano. Mas meu pai olhava os boletins, me dava
conselhos e, às vezes, me ajudava a resolver problemas de matemá-
tica, que ele gostava muitíssimo, ele adorava resolver problemas de
matemática e ensinar matemática para mim, né?


Edson – Você ia a praia com ele?
Carlos – Ia. Nós morávamos num lugar próximo a praia, lá no
Flamengo. Era muito comum assim aos domingos, saíamos juntos,
geralmente essas visitas que fazíamos, eram visitas relacionadas com
as atividades dele, ele aproveitava pra visitar alguém do partido. Me
carregava com ele, eu me lembro que dava um certo “ibope” para ele
aparecer nesses lugares com o próprio filho, porque tinha umas pes-
soas com vontade de conhecer. Programas, nós íamos muito à praia,
era muito divertido, apostávamos corrida e tal, era uma pessoa muito
carinhosa e alegre. Entende? Meu pai sempre foi uma facilidade muito
grande de relacionamento, porque ele era uma pessoa divertida, gos-
tava de fazer desenhos, me ajudava a fazer pequenos serviços manuais,
montar coisas, aviões, carrinhos e tal. Ele participava muito disso
comigo quando ele tinha tempo, porque era visível que ele era uma
pessoa muito ocupada e muitas vezes ausente de casa, não tinha tempo.


Edson – Que outro tipo de lazer se recorda com ele?
Carlos – Ele era uma pessoa muito camarada, meus primos todos,
porque tinha uma parte da família que morava lá, tanto irmãs de
minha mãe, quanto irmãs de meu pai. Meu pai era muito querido
ele levava queimado e tal, fazia esse gênero, né? Mas, afora a praia,
afora essas visitas, que, às vezes, que eram pessoas da relação política
dele, né, nós não tínhamos tempo para mais outras coisas.


Edson – O contato com os parentes lá no Rio, no contato com
os sobrinhos, me parece que ele era o tio preferido. Por que isso?

Free download pdf