marighella

(Ornilo Alves da Costa Jr) #1
EDSON TEIXEIRA DA SILVA JUNIOR 251

Carlos – É por isso, porque ele participava das brincadeiras da
gurizada, ele levava queimado, ele sentava, essa mesma atenção que ele
tinha comigo percebia que ele tinha com as outras crianças, ele gostava
do contato como esses, dessa relação com os meninos e as meninas.


Edson – Aquele episódio do colégio onde ele tinha que responder
um questionário...
Carlos – Exatamente. Esse colégio da Fundação Getúlio Vargas
que era ultraliberal, lá não havia restrições. Eles tinham lá as discipli-
nas da escola, era um internato, mas lá você não tinha preocupação
com a roupa. O colégio tinha um banquinho, um banco que passava
cheque lá, um banco que contava seu dinheiro, você fazia pagamento.
E o colégio permitia que as pessoas fumassem, mas era preciso que a
família tivesse conhecimento. Quando você se matriculava na escola
tinha uma fichinha onde o pai declarava se concordasse ou não se
o filho fumasse ou não, já que lá era liberado. Você imagina como
o colégio era liberal, tinha o ginásio e o científico, tinham crianças
de 12 anos até os 18 anos de idade. Então, não era proibido fumar,
desde que o pai desse consentimento.


Edson – Era ele que escolhia os colégios para você? Todos esses
colégios que você estudou ele que escolhia?
Carlos – É. Com exceção dessa primeira escola que era Escola Ba-
tista, aí foi minha avó mesmo que escolheu em função da proximidade
do local em que nós morávamos; as outras escolas foram indicações de
meu pai, escolhas pessoais dele. Então, resultado, nessa escola ele me
perguntou se eu queria que declarasse se eu fumava ou não fumava.


Edson – E você tinha idade?
Carlos – Uns 14 anos mais ou menos. Ele era uma pessoa liberal,
eu nunca tive nenhuma imposição, a tática dele era uma tática de
assumir responsabilidade comigo.

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