marighella

(Ornilo Alves da Costa Jr) #1
252 CARLOS, A FACE OCULTA DE MARIGHELLA

Edson – Afinal de contas você fumava ou não fumava?
Carlos – Eu acabei fumando nessa escola, mas fumei escondido,
porque não havia uma declaração de meu pai autorizando, mas essa
declaração foi eu mesmo que autorizei a dar. Eu não fumava, depois
fumei durante muito tempo, mas já com 18 anos de idade. Essa tática
funcionava muito, por exemplo: era muito comum naquela época
prostitutas. Era muito comum, todo adolescente tinha contato com
prostíbulos. E eu me lembro que dessas conversas com meu pai ele me
passou muito a ideia de como era perigoso e danoso, eventualmente,
você frequentar essas casas. Então, do meu grupo de amigos fui o
último a ir numa casa de prostituição, já velho com meus 19 anos,
muito por conta desse tipo de lição que meu pai passava para mim.
Ele enfocou muito essa postura de diálogo, de conversar.


Edson – Ele pedia para você evitar?
Carlos – Ele tinha aquele discurso que hoje é muito comum. Um
discurso assim: “Você pode contrair doenças nesse tipo de local”. Eu ia
com meus amigos, mesmo quando voltei para a Bahia, já adolescente,
havia os prostíbulos tradicionais, onde você chegava, dançava, eram
uma verdadeira folia esses puteiros. Teve uma determinada idade que
praticamente fui seduzido, ou nunca tive uma iniciação sexual, que
comumente era feita nos prostíbulos, a minha iniciação foi de uma
tal maneira em função dessa crença nas lições que meu pai havia me
dado, que era perigoso, que não era condizente com esses valores que
aprendi com meu pai, que eram os melhores para mim.


Edson – Conforme você já falou, o tempo dele era limitado,
mas ele o visitou no colégio algumas vezes, eu quero que você me
explique esse contato.
Carlos – Ah! Nos vimos... o que era surpreendente. Eu, que sou
separado hoje, mas que não tenho nenhuma restrição, vejo meus
filhos talvez menos do que meu pai me via. O que é surpreendente

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