marighella

(Ornilo Alves da Costa Jr) #1
EDSON TEIXEIRA DA SILVA JUNIOR 255

Edson – Qual era o nome do diretor da escola?
Carlos – Não me lembro agora, era um oficial lá. Seria bom le-
vantar esse nome para desmoralizar bem a memória dele. A próxima
vez que eu for ao Rio vou com esse objetivo.
Veja bem, eu estudei na escola Batista. Essa escola era também uma
escola Batista, mas não era a mesma escola em que estudei inicialmente.
Era o ginásio Batista e tinha o internato e o externato, e esse diretor era
diretor do internato. Era um oficial reformado que era diretor do inter-
nato. Ele me comunicou, e decidiu me expulsar num visível prazer, não
foi nenhuma entidade, ele tomou essa decisão praticamente sozinho.


Edson – Nessa escola você tinha aula de religião?
Carlos – Tinha. Uma outra coisa interessante é que minha famí-
lia paterna era muito religiosa, meus tios, minhas tias sempre foram
muito ligados. Aqui na Bahia é esse sincretismo, você não sabe dizer
se é católico, se é do candomblé, mas todo mundo se diz católico, eu
sempre fui a missa, o meu pai nunca criou algum tipo de objeção,
embora ele sempre se manifestasse como um ateu, ele não acreditava
em Deus, ele dizia isso de uma forma muito clara.


Edson – Ele era ateu?
Carlos – É, ele era ateu.

Edson – E ele que escolheu essa escola Batista?
Carlos – Eu quero dizer que ele escolheu para poder pagar a
escola. Ele teve algum tipo de facilidade para assumir na escola esse
compromisso. Ele deve ter dito assim: “Olha, se eu não estiver aqui,
meu filho está aí, a escola está paga”. Ele nunca me explicou esses
detalhes, eu diria que a convivência se deu mais em função disso.
Em 1964, meu pai era uma das pessoas do partido – e isso eu vim
a conhecer depois – que defendiam a tese de que o caminho que o
partido estava trilhando não era seguro e que havia o risco de um

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