marighella

(Ornilo Alves da Costa Jr) #1
256 CARLOS, A FACE OCULTA DE MARIGHELLA

golpe militar, coisa que era descartada pela maioria do partido. Ob-
viamente ele achava que ia ter um golpe militar, era natural que ele
pegasse seu filho e chegasse a alguma solução para ele, a solução que
ele encontrou foi pagar o colégio o ano todo, na pior das hipóteses a
mãe dele vem aqui e leva ele, o que finalmente aconteceu.


Edson – Quando ele foi preso em 1964, você ficou, diríamos
assim, no escuro?
Carlos – Exatamente.


Edson – Como que você conduziu esse seu retorno para Sal-
vador?
Carlos – Antes de eu vir para a Bahia eu fui visitar meu pai na
cadeia. Uma das poucas pessoas que puderam visitá-lo. Ele me pediu
para que contratasse um advogado, coisa que eu fiz com uma tia que
era muito amiga dele, tia Antônia, irmã de minha mãe, saindo da
cadeia fomos até o escritório de Sobral Pinto, que foi o advogado que
ele escolheu, coisa que Sobral Pinto fez com muito brilho. Sobral Pinto
foi um advogado muito intuitivo, que deu grande destaque àquela
defesa dele no processo que se instaurou contra ele, o que permitiu
que ele fosse solto. Em 1964 havia uma regra: as pessoas eram presas
durante 50 dias, e depois disso permaneciam na cadeia quem tinha
uma espécie de culpa formada. Sobral Pinto questionou e conseguiu
a libertação dele. Quando eu ia na cadeia, lá mesmo ele sugeriu que
eu fosse para a Bahia.


Edson – Ele tinha sido baleado...
Carlos – Ele já tinha superado a fase mais crítica, estava magro,
mas já estava bem.


Edson – Onde ele estava preso?
Carlos – No Dops, no Rio.
Free download pdf