marighella

(Ornilo Alves da Costa Jr) #1
EDSON TEIXEIRA DA SILVA JUNIOR 259

Edson – O que eles diziam?
Carlos – No caso de Caetano, meu pai era como se fosse um outro
pai dele. Meu pai era o mais velho e Caetano o mais novo, a família
era muito numerosa, a diferença de idade era muito grande. Caetano
era uma pessoa extrovertida, brincalhona, muito conhecido na cidade
e ele falava em todo canto com muito orgulho e amor, de meu pai.


Edson – Ele dava exemplos, contava histórias de seu pai?
Carlos – Contava, o que ele sabia ele contava.

Edson – Você se recorda de alguma?
Carlos – Tudo que eu sei do meu pai foi através de Caetano.
Essas histórias todas, que ele era um jovem que entrou para o Partido
Comunista muito cedo, que ele fazia versos na escola, que ele gostava
muito de jogar futebol, que meu avô educava os filhos com uma edu-
cação muito rígida, espartana. Conta a história que uma vez meu pai
foi pedir uma chuteira, e meu avô: “Você quer uma chuteira ou um
buziguim?” Ele pegou o buziguim, o sapato que se usava na escola,
botou umas travas e poderia também jogar bola. Uma outra história
conta que meu avô pegou uma borboleta de caminhão e botava os
meninos, todos amigos de meu pai, para ficar dando volta na borbo-
leta; depois verificou-se que a borboleta na verdade era uma bomba
d’água, cada vez que as crianças passavam na borboleta bombeava
água para o abastecimento da casa. Meu pai jogava bola, ele deve ter
percebido os dotes de meu pai e ele deu uma atenção muito grande
em relação a isso. Meu pai tinha muitos livros, meu avô comprava
muitos livros para ele, conversava muito com ele, tinha uma visão em
relação a isso. Enquanto os outros eram mais farristas e brincalhões.
Meu pai destoava dos demais.


Edson – E Caetano e Humberto lamentavam de alguma forma
esse distanciamento pela vida política?

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