marighella

(Ornilo Alves da Costa Jr) #1
260 CARLOS, A FACE OCULTA DE MARIGHELLA

Carlos – Não. Minha família cresceu toda ela se sentindo meio
comunista, todos eram muitos solidários com meu pai.


Edson – Chegaram a militar?
Carlos – Caetano foi motorista de meu pai no Partido Comunista.
Ele foi da Petrobras, foi dirigente sindical, ao modo dele, ninguém
era da organização como foi meu pai. Mas todos participavam,
contribuíam e não negavam sua simpatia pelo Partido Comunista.


Edson – Você afirma no depoimento do Emiliano José que seu
pai foi o âncora da sua vida. Eu queria que você me explicasse o que
significa esse âncora em sua vida?
Carlos – Meu pai me ensinou os valores morais que as crianças
vão consolidando, eu aprendi pelos diálogos com ele. Vocês têm filhos?


Edson – Sim.
Carlos – Pois vocês sempre vão querer que seus filhos se anco-
rem num valor de vida que vocês tenham, valores morais, culturais,
sociais. Eu tive essa influência que foi a única em minha vida, por-
que eu sempre fui filho do Marighella, quer dizer, eu sempre fui
apresentado a essa minha condição. Eu quando conheci meu pai
eu espontaneamente decidi que devia ser do Partido Comunista,
que devia ter aqueles valores que ele cultivava como valores meus
também.


Edson – Então ele te influenciou politicamente?
Carlos – Meu pai nunca disse entre no Partido Comunista,
saia do Partido Comunista. Ele já era comunista desde pequeno,
se desenvolvia na minha família uma ideia de que meu pai era um
cara perseguido, foragido, então os inimigos de meu pai eram meus
inimigos. Consequentemente, os amigos de meu pai eram meus
amigos. Foi uma decorrência natural. Meu ingresso no partido não

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