marighella

(Ornilo Alves da Costa Jr) #1
EDSON TEIXEIRA DA SILVA JUNIOR 267

entre nós mesmos, porque na verdade temos um grande respeito pelo
Gorender, pelo Emiliano, pelos padres, e qualquer historiador que se
proponha a contar essa história. O Gorender é uma figura respeitável,
mas eu não posso ficar sem me defender, com todo respeito, com o
carinho que eu tenho à pessoa dele.


Edson – Mudando um pouco o nosso rumo, eu queria que você
me explicasse como ficou o seu nome, Carlinhos Marighella, após a
morte de seu pai: ficou reverenciado de forma positiva ou negativa?
Carlos – Já fui demitido de emprego porque era Marighella.


Edson – Qual emprego?
Carlos – Eu comecei minha vida profissional trabalhando em
indústria, trabalhei no polo. Meu primeiro emprego: eu fui demitido
porque era Marighella.


Edson – Isso exatamente quando?
Carlos – Em 1969, exatamente no ano que meu pai morreu. Não
havia nenhum motivo para me demitir, na minha primeira experiência
de emprego. Em muitos lugares a gente percebe que há restrições. De
modo geral, o nome Marighella tem me trazido muitos benefícios,
belas acolhidas. Em muitos lugares em que eu estive aqui e fora do
Brasil, o nome Marighella me faz alvo de carinho e de atenção, mas
não tenha dúvida de que ainda é uma anátema, ainda para muitas
pessoas há preconceitos unânimes inspirados por esse pensamento
direitista.


Edson – Você poderia citar exemplos dessas restrições direitistas?
Exemplos práticos.
Carlos – Cada vez é menor isso, cada vez é menor isso. Mas é
muito comum eu chegar num lugar assim e dizer “Marighella”, e o
cara diz assim: “[trecho inaudível], mas me vê aí, deixe eu olhar”.

Free download pdf