marighella

(Ornilo Alves da Costa Jr) #1
EDSON TEIXEIRA DA SILVA JUNIOR 269

Edson – Eu quero saber se você, por ter o nome Marighella, sofreu
algum tipo de perseguição?
Carlos – Eu fui espancado o mais que podia. Eles estavam moti-
vados pelo fato de que eu era comunista.


Edson – Pela sua militância?
Carlos – Isso.

Edson – Como que você avalia hoje a posição que seu pai teve
pela luta armada?
Carlos – Eu já amadureci muito esse assunto. Eu acho que o
grande problema da esquerda, de um modo geral, foi não ter con-
seguido encontrar um caminho comum de luta contra a ditadura e
luta pelo socialismo nas condições do Brasil. Eu posso lhe assegurar
que a questão da luta armada era plenamente justificável em diversos
momentos, digamos assim. Na verdade, aquele drama que se tinha
sobre os caminhos que se tinham para a revolução no Brasil era uma
discussão falsa, porque partia de um pressuposto de um caminho
único. Na verdade, tanto o Partido Comunista, com sua tese de luta
legal, que permitiu inclusive a ocupação dos sindicatos, puderam
ter na vida nacional, pelo menos naquele momento, em oposição à
pregação do Partido Comunista, em que se devia se organizar sindi-
catos, partidos, quer dizer, já que o MDB existia, o partido achava
que devia ser uma trincheira de luta, já que existiam os sindicatos,
o partido achava que devia ser uma trincheira de luta. Essas institui-
ções foram preservadas, foram salvas, existiam, porque o outro lado,
a guerrilha, a luta armada pregava que não, para que esse negócio
de sindicato, tudo isso existia apenas para na verdade dar validade
aos militares, segundo essa tese os militares apareciam no cenário
internacional como um governo democrático porque eles tinham
instituições que foram preservadas como os sindicatos e os partidos.
Graças a isso, essas organizações sobreviveram e passaram a ter papel

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