marighella

(Ornilo Alves da Costa Jr) #1
270 CARLOS, A FACE OCULTA DE MARIGHELLA

importante que pôde até progredir. Eu acredito que aquela tese dos
sindicatos, que, se houvesse consolidado, nós teríamos uma política
sindical como você tem nos Estados Unidos, onde o sindicato não
tem nenhum papel, nenhuma presença na memória política e cul-
tural dos Estados Unidos, como uma organização que tinha alguma
característica política. Para fazer na verdade birôs de promoção de
interesse sindicais, operários, trabalhistas. Agora, indiscutivelmente,
a luta armada também expôs e teve um papel muito importante até
na debilitação da ditadura. Naquela época se discutia muito apai-
xonadamente esses caminhos excludentes, ou era a luta armada ou
era a reforma – como se dizia – ou era o movimento reformista, ou
era o movimento foquista e vanguardista. Se a gente fosse analisar
pelos resultados, talvez a luta não armada tenha deixado resultados
mais duradouros, pois foi ela ao final que triunfou sobre a ideia de
constituinte, teve uma permanência maior no sentido de oposição ao
regime militar. O regime militar triunfou em relação à luta armada,
mas não conseguiu triunfar diante da luta legal, civil, essa perma-
neceu, cresceu com a anistia, com a constituinte, ela chegou até o
desfecho de hoje, mas eu hoje, sinceramente, vejo muitos méritos
na luta armada, eu acho que o que faltou foram lideranças serenas
para encontrar uma solução que combinasse essas duas formas de
luta e talvez esse tipo de ação tivesse nos levado a uma situação mais
correta, mais permanente, porque a verdade é que a gente ganhou
mais não levou a luta socialista no Brasil, a luta contra a ditadura ter-
minou desembocando numa eleição indireta, desembocando numa
constituinte feita pela metade e hoje em dia as pessoas se indagam
muito se tudo aquilo transformou o bem-estar e progresso para a
população de um modo geral.


Edson – Durante a inserção de seu pai na luta armada você teve
algum contato com ele?
Carlos – Não.

Free download pdf