marighella

(Ornilo Alves da Costa Jr) #1
328 CARLOS, A FACE OCULTA DE MARIGHELLA

Edson – E a aproximação com a ALN?
Roberto – Em 1963, no golpe, eu já era da UEE, eu era tesou-
reiro da UEE, não sei se foi em 1963 ou 1964. Em um ano eu fui
segundo secretário da UEE e no outro ano eu fui segundo-tesoureiro,
o presidente era o Chico Crestana, no outro era o Antônio Funar
Filho.
Depois do golpe, começaram a se radicalizar algumas posições
dentro da Ação Católica, um pessoal achava que o laicato devia fazer
política. Depois do golpe isso foi radicalizando muito lá dentro e
houve um grande racha na JUC. Foi quando apareceu a Ação Popular.
Onde é que apareceu a Ação Popular? A Ação Popular apareceu em
Minas, foi com o padre Ávila, com um grupo de gente. Quem veio
discutir com a gente sobre a AP foi o Betinho. Nós estamos falando
do fim de 1964. Uma grande parte da Ação Católica resolveu sair e
ir militar na AP, eu saí da JUC e me tornei militante da AP.


Edson – A proposta da AP era de luta armada?
Roberto – No começo não era. Na realidade, naquele tempo, a
gente tinha grande esperança que a “revolução” não ia durar muito
tempo. Não sei por que, mas tinha uma expectativa grande de que
haveria um movimento popular, não uma revolução, mas uma de-
mocracia de novo. O grande problema da “revolução”, que a gente
foi para a luta armada, era que a cada hora era uma porrada, a gente
começaram a ver que a expectativa deles continuarem a ditadura era
muito mais do que a gente tinha avaliado naquele momento. No
começo todo mundo achava que isso aí ia passar rápido, ia até o fim
do ano de 1964, começou a aparecer os Atos Institucionais e radica-
lizou mesmo no Ato nº 5. Mas eu já estava bem preparado, como eu
tinha contato com o pessoal do Partido Comunista, logo depois que
foi feita a AP uma área começou a achar que o negócio estava indo
muito longe, que a perspectiva não era de curto prazo, mas de longo
prazo, aí nós começamos a discutir as alternativas. Teve aqueles livros

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