marighella

(Ornilo Alves da Costa Jr) #1
370 CARLOS, A FACE OCULTA DE MARIGHELLA

Ele concordou, ele aceitou isso, até porque, a partir daquele mo-
mento, a gente podia fazer tudo isso, não precisava haver mudanças,
não tínhamos riscos de segurança, não tinha nada, a organização
podia ter feito tanta coisa assim previamente. A perda seria mínima.
Ele seguiu concordando. Mas, uma reunião superlegal.


Edson – Essa reunião foi onde? Como você sentia o Marighella,
ele estava tenso, descontraído?
Manuel – A reunião foi em São Paulo e com o GTA. Era uma
reunião do Marighella com o GTA de São Paulo. Então, estava o
comandante do GTA – naquela época já haviam dois grupos de GTA,
os vice-comandantes de cada grupo – e é por isso que eu estava, eu
era vice-comandante de um desses grupos. Ele era uma figura muito
segura, humana, era um cara brincalhão, um bon vivant, sabia viver a
vida, com toda experiência, durante a conversa sempre descontraído,
sempre brincalhão.


Edson – Que tipo de brincadeira?
Manuel – Ele estava revendo alguns companheiros, alguns que
tinham ido para Cuba e haviam retornado. Dois eram do partidão,
era um congraçamento mesmo.


Edson – Ele não entrou direto no assunto?
Manuel – Por toda a reunião ele conversava com a gente, um que-
bra gelo, com espontaneidade, com naturalidade, com personalidade.


Edson – Você já sabia dessa característica dele?
Manuel – Já tinham me falado, mas eu o conheci nessa opor-
tunidade, achei ele fantástico, parecia que era muito próximo, não
tinha mito não.


Edson – Aquela sua visão de mito acabou?
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