marighella

(Ornilo Alves da Costa Jr) #1
EDSON TEIXEIRA DA SILVA JUNIOR 375

sete linhas para cada um e páginas e páginas daquilo. Várias pessoas,
nome de tudo quanto é tipo de gente. Pegamos aquilo e levamos lá
pra ele ver: o que é isso aqui embaixador? Ele disse: “Isso aí não tem
nada a ver comigo. Eu sou funcionário de carreira do Departamento
de Estado, isso aí é coisa da CIA.”
Era o seguinte: a CIA estava muito preocupada com a reação do
povo brasileiro à ditadura militar, a amplitude dela e agora estava
começando essas ações armadas, isso estava impressionando os caras e
a resistência popular geral. Eles estavam achando que a qualquer mo-
mento eles iam ter que descartar a ditadura militar pra gente manter
o controle aqui dentro. Estavam a fim de abortar o endurecimento
da ditadura pelo menos naquele documento. E daí? E os nomes? Os
nomes são pra gente escolher uma alternativa civil para o Brasil, um
governo civil. Agora esses aí não, porque inicialmente eles mandaram
uma relação muito mais extensa, que conforme nós fomos aprontando
o dossiê, nós vínhamos remetendo, essa é a última leva. Até onde eu
sei o nome já está escolhido, já está definido.
Falou o nome do chefe da CIA um tal de Willian Benton, ele
era o terceiro secretário da embaixada. O embaixador é um cargo
político, vem, cai, troca, e o terceiro secretário é um nome fixo, um
nome que fica no país. Willian Benton.


Edson – Qual era o nome escolhido?
Manuel – Ah! Sim. Coisa cinematográfica, que você lê num livro,
vê num filme e nunca pensa que pode estar acontecendo com a gente.
Sabe qual é o nome? Eles foram mais à esquerda do que se imagina:
Dom Hélder Câmara.
Ele falava: “Eu não entendia o que se passava na cabeça dos
militares, o Costa e Silva foi impedido, está doente – nós estávamos
sob uma Junta Militar – por que não Pedro Aleixo, que era o vice-
presidente da República?” – ele não acreditava nessa história. “Eu
conversei muito seriamente com o Chanceler, dr. Magalhães Pinto,

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