marighella

(Ornilo Alves da Costa Jr) #1
40 CARLOS, A FACE OCULTA DE MARIGHELLA

dos principais articuladores dessa oposição. No entanto, a enérgica
ação de Juracy no combate ao banditismo do cangaço, que ameaçava
o coronelato, aliada a uma política de modernização da economia
do cacau, revelou-se suficiente para consolidá-lo no poder: “conse-
guiu empréstimos do Banco do Brasil e do governo federal para o
aprimoramento da valorização da economia, importação de novos
equipamentos e desenvolvimento do uso industrial do cacau”.^42 O
questionamento sobre a inconstitucionalidade do interventor do
Estado motivava uma série de manifestações em Salvador.
Em São Paulo ocorreu uma revolta contra o regime de Vargas, o
motivo era o mesmo: a inconstitucionalidade do regime instalado.
Em Salvador, no mesmo ano, a repressão do governo era intensa:


o governador Juracy trava verdadeira guerra contra a imprensa, censuran-
do e empastelando jornais, prendendo jornalistas, opondo-se a qualquer
movimento constitucionalista no Estado. Em 22 de agosto ordena que o
prédio da Faculdade de Medicina seja cercado pela polícia, e reprimida
a assembleia estudantil para a organização de atos de solidariedade à
revolta paulista pela recondução do país à normalidade constitucional;
514 estudantes e 7 professores são presos, registrando-se ainda a morte
de um civil.^43
No meio dessa turbulência, Carlos Marighella conhecerá sua
primeira prisão. Da prisão registra-se o trecho do poema “Vozes da
Mocidade Acadêmica”, em que Marighella ataca Juracy Magalhães:


“Qual Zigomar, tu me encerraste um dia
Nas celas vis da infinda galeria,
Provisório galé!
Por tóxico – me deste uma água escassa!

(^42) PANG, Eul-Soo. Op. cit., p. 221.
(^43) Assembleia Legislativa da Bahia. Bahia de Todos os Fatos: Cenas da vida Republicana
1889-1991. Salvador: Assembleia Legislativa, 1996.

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